domingo, 17 de julho de 2011

MUY AMIGOS

O Brasil é o país da unanimidade global. Todo o mundo admira esta nação tropical, de lindas mulheres, carnaval e futebol! Do samba de fundo do quintal, dos feriados alongados, da corrupção premiada e da impunidade.

Uma gente alegre da sexta-feira-ilusão, sábado-feijoada e domingo-churrasco, tudo com muita cerveja e samba no pé.

Tenho certeza que os habitantes deste planeta nos adoram, principalmente quando assisto pela televisão aos jogos da seleção canarinho no exterior.

Os locutores de futebol são unânimes em relatar como a nossa seleção é recepcionada. Na Argentina fizeram uma pesquisa, e por incrível que pareça, o seu povo está torcendo para o Brasil ser campeão.

Como melhor jogador do mundo, o Messi perdeu feio para o Neymar.

Diante dessa realidade fica quase inaceitável acreditar que o Itamaraty gasta por ano, em “aparato de segurança especial” para proteger apenas seis embaixadas de países amicíssimos do Brasil e devedores de favores impagáveis, cerca de R$ 2.6 milhões por ano, não contando o pessoal.

As embaixadas de alto risco para o corpo diplomático brasileiro ficam nos seguintes países: Paraguai, Bolívia, Haiti, Colômbia, Costa do Marfim e Congo.

Estranhas surpresas! O Brasil sempre ajudou, engolindo sapos, esses países.

O bispo-reprodutor nos chantageou com relação à Itaipu e nós cedemos à chantagem. Quando adoeceu gravemente ficou no hospital das nossas autoridades em São Paulo, provavelmente numa cortesia do governo brasileiro pela deferência da escolha.

O cocaleiro desapropriou na marra uma refinaria da Petrobrás e nós ficamos quietinhos, ainda fornecendo as nossas fronteiras para escoar a produção do nosso vizinho.

Socorremos o Haiti na história da sua maior tragédia, onde vidas preciosas de brasileiros foram perdidas. E para melhorar a auto-estima daqueles irmãos, a seleção brasileira realizou um jogo lá.

A Colômbia não tem o que reclamar de nós que a ajudamos muito no seu comércio externo, fazendo vistas grossas aos seus teco-tecos.

Os países do continente africano sempre foram tratados de maneira especial, inclusive com intercâmbios científicos e até perdão de antigas dívidas.

São detalhes tão pequenos que passam desapercebidos à maioria da nossa população, que acha o bispo e o cocaleiro nossos hermanos.

São apenas muy amigos.


Gabriel Novis Neves

11-07-2011

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