sexta-feira, 22 de julho de 2011

TRÂNSITO E O PRONTO SOCORRO

Entre os nossos tormentos existe embutido um dos principais responsáveis pela superlotação do nosso Pronto Socorro, causando aumento dos custos do hospital. E na linguagem da moda, não é faturamento inventado e, sim, escopo técnico.

Não há possibilidade de um planejamento de gastos com relação a um hospital de urgência e emergência, especialmente quando ele é único no Estado.

O procedimento hospitalar é tão complexo, que o orçamento de um tratamento, se for feito por tabela fixa ou pacote, com certeza a qualidade do atendimento deixará muito a desejar. Será ruim mesmo.

Por essa razão é que os nossos bacanas, autores das tabelas para nós, procuram de preferência os melhores e mais caros hospitais de São Paulo.

Pelas estatísticas oficiais, nos primeiros cinco meses deste ano, deram entrada no Pronto Socorro de Cuiabá 4.564 pessoas vítimas de acidentes de trânsito!

O período de internação desses pacientes em geral é prolongado. Muitos vão para cirurgia e UTI. É importante esclarecer que esses pacientes não apresentam apenas fraturas ósseas, mas traumatismo de crânio, tórax e abdome principalmente. O atropelado exige para o seu tratamento e reabilitação equipe multidisciplinares, com clínicos e cirurgiões gerais, pediatras e cirurgiões infantis, ortopedistas, neurologistas, neurocirurgiões e bucomaxilares, ortopedistas, anestesistas, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas etc.

Todo esse atendimento com suporte 24 horas por dia, além de laboratório de análises clínicas e de imagens de alta resolutividade.

Para a nossa população ter uma ideia do tipo de atropelados nesses primeiros cinco meses, só de acidentados por motos, tivemos 3.471 registros de entrada no PS de Cuiabá. A média é de uma vítima por hora!

Por carro, o índice foi de 831, de bicicleta, 252 atropelados.

Esse acidente atinge geralmente jovens do sexo masculino na idade de 18 a 35 anos, em plena saúde física.

Os governos Federal, Estadual e Municipal não oferecem condições mínimas de trabalho para esse tipo de atendimento, direito do cidadão.

Servidores desmotivados estão pedindo demissão, ou estão em greve permanente.

Os acidentados? Estão diariamente nas páginas de jornal e comovendo a população pela televisão.

Surge, então, o doutor rebocoterapia, para a insuficiente rede hospitalar privada, que está pedindo socorro ao caloteiro governo.

Estamos condenados a ser também um Estado de deficientes físicos.

Culpados? Somos nós, que democraticamente escolhemos pelo voto livre os nossos governantes.

A base desse sofrimento, mais uma vez, é a educação que os caciques negam à população.

Ainda bem que os nossos problemas estão com os seus dias contados.

O governo do Estado encontrou a fórmula mágica de se ausentar do problema, mesmo contrariando o Ministério da Saúde. Repassou às OSS a responsabilidade pelos problemas da saúde em Mato Grosso, ainda não dividido.

Que São Benedito nos abençoe! Amém.


Gabriel Novis Neves

15-07-2011

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