É um termo muito aplicado ao serviço público. Os meus netos chamam essa tapeação de "moage".
Quase todo o nosso sistema público está contaminado pela enrolação e o generoso povo pagador dos seus enxertados salários vive enrolado.
Se na porta da Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro, os velhinhos viviam “sassaricando”, como cantava a vedete predileta de Vargas, por aqui todos vivem enrolando.
O enrolador padrão, segundo me contaram, é um burocrata profissional - portador de uma educação ociosa, cultura ornamental e roupa da moda.
Habita sempre as margens do poder. Tem consciência plena que é um enrolador emérito, útil aos poderosos. Orgulha-se do salário que recebe e, com o tempo, torna-se uma peça importante na máquina do poder.
Entretanto, a enrolação tem um limite de tolerância!
Com as últimas decisões governamentais, tenho certeza que a área social ficará por conta dos enroladores.
Os nossos governantes, em seis meses, esqueceram-se que, para ganhar o nosso voto, falaram que lugar de criança não é trabalhando, muito menos na rua e, sim, na escola.
Que saúde é direito do cidadão e dever do Estado.
Que a segurança pública é papel do Estado democrático e de direito, assim como o acesso à justiça.
Que a terra é um bem da humanidade e, não, de alguns poucos.
Que trabalho, habitação e estradas são necessidades dos trabalhadores.
Que tratar os idosos com dignidade é sinal de cidadania.
Que iriam priorizar medidas para se fazer cumprir todas essas determinações. Grande novidade!
Sabemos que tudo isto já consta na nossa tripudiada Constituição.
Hoje, vemos que nada disso foi concretizado, para desespero do brasileiro. E a situação continua como antes, aliás, piorou.
Que tal uma Medida Provisória propondo uma lei contra a enrolação? Com sigilo sobre os seus resultados.
Seria mais ou menos parecida com essa das obras para a Copa do Mundo.
Na incerteza de um bom resultado, o melhor é cortar o mal pela raiz e evitar a sua divulgação.
Será que conseguiremos viver sem enrolação?
Gabriel Novis Neves
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