segunda-feira, 9 de maio de 2011

O DIA PROMETE

Era uma segunda-feira. Meu relógio biológico me desperta no horário habitual – às quatro e meia da manhã. Preparo-me para ir à academia.

Logo após as cinco já estou no meu carro. Ligo o motor, e nada. A bateria estava totalmente arriada.

Saio da garagem e vou dar uma espiadela na rua. A cidade estava deserta e escura. Tinha a intenção de ir caminhando até a academia. Mas desisti da empreitada. Lembrei-me da violência que domina a cidade, sem nenhuma notícia tranquilizadora das nossas autoridades.

Subo para meu apartamento. Fico bisbilhotando a internet esperando o dia clarear para convocar o zelador do prédio – o homem que resolve tudo -, para dar um jeitinho no meu carro.

Não entendo muito de carro, mas acho que a medicação de emergência seria a famosa chupetinha na bateria.

Este procedimento de emergência é feito para recarregar de imediato a bateria. Consiste na transferência da energia, através de um cabo positivo e outro negativo, de uma bateria saudável para a outra doente. Escrevi isso por pura exibição, todo mundo sabe o que é uma chupetinha.

Depois de realizado o “choque”, o motor do meu carro começa a funcionar.

Aproveito e dou uma volta no quarteirão para testar se estava tudo OK. Estava. Retorno então ao meu apartamento para me arrumar, desta vez para o consultório. A academia já era.

Desço novamente à garagem. Entro no carro, ligo o motor, e nada. Nenhum sinal de partida.

Como já estava em cima da hora, e pelo efeito efêmero dachupetinha, resolvi telefonar para meu mecânico. Expliquei o caso e ele falou que iria dar um jeito.

Pego uma carona e vou para o consultório. No trajeto vou pensando: não sou vascaíno, nem palmeirense, mas o dia promete. Procurei não pensar nem me aborrecer com este pequeno imprevisto.

Em outros tempos eu ficaria irritado, mas dizem que com a velhice vem a paciência. Até pode ser, apesar de não me sentir nenhum praticante de meditação transcendental. Eu diria, entretanto, que a idade nos proporciona o equilíbrio emocional necessário para enfrentarmos com tranquilidade todo e qualquer tipo de aborrecimento.

Neste caso específico, foi somente um probleminha, rapidamente resolvido com a troca da bateria do carro.

Não à toa, minha mãe - sábia por natureza -, diante dos muitos problemas que todos nós enfrentamos no nosso dia a dia, dizia: “Não crie nunca, uma tempestade em um copo de água.”

Gabriel Novis Neves

02-05-2011

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