sábado, 7 de maio de 2011

FINAL DE SEMANA

Tenho três filhos. Todos casados e com dois filhos cada. Dos meus seis netos, três estão namorando. Então a conta é a seguinte: três filhos, duas noras, um genro, seis netos e três namorados: quinze pessoas. E como na nossa cultura, final de semana é sinônimo de almoço na casa dos pais, seria de se pressupor que eu teria a casa cheia.

Mas isto é teoria. A prática, às vezes, é diferente. Nesse exato momento dois filhos estão no exterior e um na Chapada dos Guimarães.

A minha companheira há cinco anos viajou para o planeta que um dia será o nosso mundo real.

Conclusão: neste meu final de semana tenho somente a mim por companhia. Mas, eu gosto. Gosto muito de ficar em casa.

Quando estou sozinho procuro preencher meu tempo de várias maneiras: escrevo despretensiosos artigos; leio bastante - uma coisinha aqui, outra acolá; assisto alguma coisa na televisão e falo com poucos amigos ao telefone. Ah, sim, e visito a internet.

Quando reparo, o domingo já está com cara de segunda feira, e as anotações que fiz ao longo do dia podem se transformar em um artigo.

Nada de novidade. São temas que todos nós estamos cansados de ler, ouvir e ver. Hoje, por exemplo, escrevo sobre aquilo que é do conhecimento geral. Mas, como diz aquele velho adágio popular: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.”

Todo mundo nesta nação sabe que o melhor investimento que existe é a educação. Na prática acontece o seguinte: “Um aluno do sistema público de educação custa em torno de R$ 333 ao mês. Um detento do sistema prisional custa aos cofres públicos de R$ 2 mil a R$ 2.2 mil ao mês, em média.”

Esses dados são do conhecimento público.

O resultado prático dessa inversão de investimentos públicos é a baixa qualidade de ensino, deixando os nossos alunos, na maioria das vezes, completamente fora do processo de aprendizado.

Da nossa população 10% é composta de analfabetos, não incluindo nesse percentual a nossa grande invenção - o analfabeto funcional, em todos os níveis de ensino.

O nosso índice de repetência ainda é alto - 21%, enquanto que no Haiti é de 16%.

O investimento em educação não é gasto como muitos pensam. É a melhor aplicação e representa o melhor retorno. Todos sabem disso.

“A educação não pode continuar na categoria de eventos pitorescos”, diz Viviane Sena.

São simples anotações de um final de semana, que reproduzo sempre para não caírem no esquecimento.

O nosso país tem a sua inflação controlada (!), trabalha com a maior taxa de juros do mundo e a sua grande preocupação, no momento, é a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Os investimentos previstos para os próximos anos serão para as grandiosas e caríssimas obras destinadas a estes dois eventos, e não para a educação.

Pois então é isto: casa vazia e novidades não tão novas assim. Coisas da vida!

Gabriel Novis Neves

04-05-2011

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