domingo, 22 de maio de 2011

CONVERSINHA

Divirto-me muito na minha academia de ginástica. Divirto-me e sofro. Não é fácil tentar recuperar os músculos perdidos. Em compensação, lá na academia, presencio cada situação engraçada, pra não dizer estranha, que às vezes até me esqueço dos meus doloridos e sofridos músculos – ou o que restam deles.

Outro dia, enquanto eu reclamava com meu professor do aumento da carga nos meus exercícios de braço, escuto uns cochichos seguidos por gargalhadas estrepitosas. Dirijo minha atenção na direção do burburinho. A conversinha baixinha vinha de um casal de colegas se exercitando nas esteiras, meus velhos conhecidos. Tento escutar o motivo de tantas gargalhadas – não por curiosidade, mas para tentar rir também e assim, quem sabe esquecer o meu braço. Mas, o barulho das esteiras não me deixou escutar nada! E eles continuavam a cochichar e a gargalhar.

Fico a imaginar o que leva alguém a conversar tão baixinho, fazendo o possível para não ser ouvido pelos outros colegas da sala. Não que eu me importe com isso – ou me importo? Não, não sou tão curioso assim, apenas acho uma falta de delicadeza.

Findo o tempo da esteira, a conversinha findou também. Escuto então um dizer para outro: “Tudo é sigiloso, tá? Não conte a ninguém.” Estranho! Nunca pensei que academia fosse o ambiente propício para altas confidências. Enfim. Enquanto trabalho para reforçar o que restou da minha musculatura, fico tentando desvendar o mistério da conversinha que exige sigilo. Comecei pelo mais simples: banalidades? Não. As banalidades, como são banais, não exigem sigilo. Discussão acadêmica? Não é o perfil da dupla. Já sei! Vou arriscar com segurança praticamente total - o casal de colegas da academia de ginástica deve ter contado “causos e causos” do nosso cotidiano. Com um pouquinho de pimenta, o assunto tornou-se proibitivo para os conversadores.

O perfil deles é de fuxiqueiros, fazendo a agenda do dia. Depois do fuxico feito, é difícil segurá-lo, e a gargalhada terá ressonância na cidade - e o assunto não será mais sigiloso. Apenas motivo de "perguntação".

Oh, gente inocente! Conversinha ao pé da orelha, de madrugada, é fuxico!


Gabriel Novis Neves

18-07-2010

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