terça-feira, 10 de maio de 2011

Certas coisas

Já escrevi inúmeras vezes sobre as coisas que só acontecem por aqui. A lista está ficando tão longa que até penso em reuni-las em um catálogo.

Um amigo jornalista diz que certas coisas que acontecem aqui, e são consideradas como normais, até no Paraguai daria cadeia.

Outra jornalista, nossa vitalícia porta-estandarte e cineasta da fronteira, que do seu paraíso na Ponta do Leme, considera essa afirmação um preconceito.

O noticiário local é fértil para o colecionador de coisas que só acontecem aqui. Por exemplo: a nossa Assembléia Legislativa aprovou uma lei que declara a Maria-Isabel como prato típico de Cuiabá, e o guaraná ralado bebida-símbolo de MT. E ainda tem gente dizendo que deputado não trabalha...

O mais recente fato pitoresco me foi contado por um amigo. Ele leu em um jornal que, diante das dificuldades de se conseguir recursos para a Copa em Cuiabá, o nosso governador e o novo presidente da Agecopa foram fazer um empréstimo na agência do Banco do Brasil em Londres - durante a ressaca do casamento do príncipe com a plebéia.

A questão que deu crédito para que essa notícia entrasse na lista das coisas que só acontecem aqui, é o fato da sede do Banco do Brasil ficar em Brasília. Quem manda no banco também mora lá, e é o Presidente da República. Isso tudo para encurtar caminho, pois todas as obras da Copa estão atrasadas.

O nosso Estado não está autorizado a contrair novas dívidas, então foram ver se em Londres conseguiriam, procurando um banco que é do Brasil.

Lendo uma revista de circulação nacional, fiquei surpreso ao descobrir que em Brasília acontecem coisas que, se fossem nos Estados Unidos da América do Norte, a condenação seria pena de morte. Em Brasília é status e promoção à vista.

“VEJA” algumas pérolas que selecionei:

“Um senador que tinha as contas de sua amante pagas por uma empreiteira, e que perdeu o cargo de presidente da Casa por esse motivo, é indicado para integrar o Conselho de Ética do Senado. Ou seja, irá julgar o comportamento dos seus pares.”

“Outro senador arranca o gravador das mãos de um jornalista que lhe fez uma pergunta incômoda, e é apoiado por essa atitude destemperada.”

“Um deputado federal semianalfabeto, na mais benigna das hipóteses, integra a Comissão de Educação e Cultura da Câmara.”

“O partido atualmente no poder concederá perdão ao protagonista do maior escândalo de corrupção da história, e é professor em seu Estado, da disciplina Ética Política.”

“A nova chefe da Polícia Rodoviária Federal tem a carteira de habilitação aprendida por excesso de multas.”

Com essas coisas que acontecem em Brasília, os absurdos de Cuiabá parecem historinhas infantis, contadas para crianças dormir.

Gabriel Novis Neves

05-05-2011

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