Já escrevi inúmeras vezes sobre as coisas que só acontecem por aqui. A lista está ficando tão longa que até penso em reuni-las em um catálogo.
Um amigo jornalista diz que certas coisas que acontecem aqui, e são consideradas como normais, até no Paraguai daria cadeia.
Outra jornalista, nossa vitalícia porta-estandarte e cineasta da fronteira, que do seu paraíso na Ponta do Leme, considera essa afirmação um preconceito.
O noticiário local é fértil para o colecionador de coisas que só acontecem aqui. Por exemplo: a nossa Assembléia Legislativa aprovou uma lei que declara a Maria-Isabel como prato típico de Cuiabá, e o guaraná ralado bebida-símbolo de MT. E ainda tem gente dizendo que deputado não trabalha...
O mais recente fato pitoresco me foi contado por um amigo. Ele leu em um jornal que, diante das dificuldades de se conseguir recursos para a Copa em Cuiabá, o nosso governador e o novo presidente da Agecopa foram fazer um empréstimo na agência do Banco do Brasil em Londres - durante a ressaca do casamento do príncipe com a plebéia.
A questão que deu crédito para que essa notícia entrasse na lista das coisas que só acontecem aqui, é o fato da sede do Banco do Brasil ficar em Brasília. Quem manda no banco também mora lá, e é o Presidente da República. Isso tudo para encurtar caminho, pois todas as obras da Copa estão atrasadas.
O nosso Estado não está autorizado a contrair novas dívidas, então foram ver se em Londres conseguiriam, procurando um banco que é do Brasil.
Lendo uma revista de circulação nacional, fiquei surpreso ao descobrir que em Brasília acontecem coisas que, se fossem nos Estados Unidos da América do Norte, a condenação seria pena de morte. Em Brasília é status e promoção à vista.
“VEJA” algumas pérolas que selecionei:
“Um senador que tinha as contas de sua amante pagas por uma empreiteira, e que perdeu o cargo de presidente da Casa por esse motivo, é indicado para integrar o Conselho de Ética do Senado. Ou seja, irá julgar o comportamento dos seus pares.”
“Outro senador arranca o gravador das mãos de um jornalista que lhe fez uma pergunta incômoda, e é apoiado por essa atitude destemperada.”
“Um deputado federal semianalfabeto, na mais benigna das hipóteses, integra a Comissão de Educação e Cultura da Câmara.”
“O partido atualmente no poder concederá perdão ao protagonista do maior escândalo de corrupção da história, e é professor em seu Estado, da disciplina Ética Política.”
“A nova chefe da Polícia Rodoviária Federal tem a carteira de habilitação aprendida por excesso de multas.”
Com essas coisas que acontecem em Brasília, os absurdos de Cuiabá parecem historinhas infantis, contadas para crianças dormir.
Gabriel Novis Neves
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.