quinta-feira, 26 de maio de 2011

FAIXAS

“Seu nome é sinônimo de caráter”. “Você é um exemplo para todos nós”. “Seu lugar é com os companheiros. A luta continua”. “Fizeram uma injustiça muito grande com você. O erro acabou reparado. O seu retorno engrandece o Brasil.”

Essas foram algumas frases transcritas de faixas colocadas nas ruas de uma cidade de 10 mil habitantes, a 150 quilômetros de Goiânia.

Mais de 200 pessoas compareceram ao Centro de Catequese da Paróquia de Nossa Senhora Abadia para homenagear o seu mais ilustre filho. Um professor da disciplina Ética em Política.

Dois amigos importantes do homenageado na última hora não puderam comparecer ao ato cívico.

Estou falando de um dos maiores estrategistas do Brasil, na difícil profissão de caixa de campanhas eleitorais.

No seu imenso currículo, duas vitórias que elegeram o mesmo Presidente da República.

A política no Brasil é um jogo feio e o coração de uma eleição é o dinheiro. O caixa da campanha fica responsável pela captação dos recursos e a sua exemplar aplicação.

É sempre escolhida para essa função, uma pessoa de extrema confiança do candidato. É um cargo inegociável, e sempre foi assim.

Desperta ciúmes e invejas nos outros companheiros de campanha, pois reconhecem a intimidade antiga e fraterna, demonstrada pelo candidato.

Nas eleições para cargos majoritários então, logo o escolhido recebe o preconceituoso apelido de homem da mala.

A nossa história está cheia de casos de homens da mala, cujo futuro geralmente é trágico.

Foi o que aconteceu com o nosso professor de Ética em Política, que foi acusado e condenado pela Justiça de ser protagonista do maior escândalo de corrupção desse país - o chamado Mensalão.

Para se avaliar o tamanho do escândalo, o deputado - “capitão do time do Presidente”, foi cassado.

Nada como o tempo. A substituta do capitão do time, hoje é a nossa presidente.

O capitão cassado pelo Congresso Nacional e pela Justiça montou uma grande firma de consultoria internacional e para desenvolver mega projetos no Brasil.

Claro que o fiel homem da mala foi perdoado pelo partido da presidente, e nada mais justo que receber essas homenagens na sua cidade natal.

Afinal, que país é esse?

“O fenômeno do nosso crescimento,” o PIB (Produto Interno Bruto), é que determina se o crescimento de uma nação é saudável.

Nesse quesito – PIB -, em 2010 o Brasil perdeu para o Catar, que obteve um crescimento de 16,3%, Paraguai 15,3%, Cingapura 14,5%, Taiwan 10,8%, Índia 10,4%.

O Brasil cresceu 7.5%.

As economias da América Latina e do Caribe cresceram em 2010, 6,1%. Os países emergentes da Ásia cresceram 9.5%.

O Brasil é o campeão do desperdício! De todo o insumo extraído nos poços de petróleo da plataforma continental, 7% é jogado fora, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Segundo essa mesma agência (ANP), o volume do desperdício é suficiente para gerar um gigawatt de energia que daria para abastecer, diariamente, uma cidade de quatro milhões de habitantes.

Um país que, pelo último censo do IBGE, possui 16 milhões de miseráveis - que vivem com uma renda mensal de até 70 reais.

Em Brasília, a capital da fantasia, a renda mensal por pessoa, caminha para 30.000 dólares anuais.

Como estimular uma criança criada nesse ambiente para os estudos, quando as escolas discutem a “Lei da Palmada”, e a tecnologia avança a uma velocidade superior a do governo de inovar?

As crianças sabem que para obterem sucesso não existe esse curso na escola, que é ensinar como adquirir conhecimentos para exercer a profissão de tráfico de influência junto aos órgãos públicos.

Não confundir com corrupção ou promiscuidade, com as coisas públicas...

Diante dessa realidade, nada melhor que uma festinha no interior para homenagear o professor injustiçado...

Gabriel Novis Neves

08-05-2011

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