quinta-feira, 12 de maio de 2011

Empreiteiras

O mundo vai girando, o tempo passando e os acontecimentos mudando.

Quando criança morava em uma enorme casa na Rua do Campo. A parte dos fundos dava para a Rua da Fé.

O meu pai resolveu dividi-la e ficamos com a parte dos fundos. A da frente foi alugada.

O inquilino desse produto cirúrgico de engenharia era uma construtora do Rio de Janeiro - Coimbra Bueno.

Por essa ocasião, conheci os então jovens engenheiros José Garcia Neto, Cássio Veiga de Sá e muitos outros que trabalhavam para a construtora carioca. Eles não eram cuiabanos, mas adotaram Cuiabá como a terra de seus corações.

Garcia Neto fincou raízes profundas nesta cidade. Foi prefeito, deputado federal por dois mandatos, vice-governador e governador de Mato Grosso.

O doutor Cássio foi responsável pelas maiores obras desta cidade. Professor fundador do curso de Engenharia Civil da UFMT, lecionou até se aposentar.

A empreiteira Coimbra Bueno foi responsável pelas maiores obras realizadas pelo interventor Julio Müller.

Claro que muitos outros nomes importantes daquele período não foram citados e, antecipadamente, peço que me desculpem.

Com o mundo girando e o tempo passando, empreiteiras de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, aliadas às nossas, que começavam a surgir, fizeram desaparecer a nossa Coimbra Bueno de Cuiabá.

Nesse momento histórico do nosso crescimento, houve uma migração acentuada de empreiteiras do sul do Brasil.

Coincidentemente, começamos a reparar uma queda brutal da qualidade nas obras públicas.

Todas as obras realizadas até quase o final século XX estão aí para a nossa admiração, embora sem a necessária e obrigatória manutenção.

As atuais, na sua maioria, se revelam um grande engodo. Exemplo disso é a duplicação e pavimentação asfáltica de um trecho da rodovia que liga Cuiabá até a entrada para o balneário de Manso. Antes mesmo de ser inaugurada, já apresentava sinais de serviço malfeito.

Após seis meses de uso, a rodovia precisa de um reforma total e urgente.

A estrada pavimentada que vai da Chapada ao rico município de Campo Verde simplesmente não existe mais.

Essas obras foram executadas por empreiteiras de absoluta confiança do nosso governo. O custo não foi abaixo do praticado pelo mercado. Então não dá para justificar o injustificável.

Um engenheiro da secretaria responsável pela obra admitiu que houve falhas na fiscalização.

O sindicato dos empreiteiros confessa que os projetos licitados são mal feitos, e a firma ganhadora da obra não pode corrigir as imperfeições, e, às vezes, recebe ordens do contratante para “ajustar” o projeto ao valor que o Estado tem em caixa. O resultado desse plano de aplicação em obras, é esse desperdício dos nossos recursos públicos.

Todo o asfalto feito em estradas no interior, sempre louvado pelo governo por seus preços baixíssimos e de ótima qualidade, também não existe mais.

O atual governo – que já ultrapassa oito anos - até agora não justificou os seus métodos modernos de gestão.

As imagens calamitosas das nossas rodovias estão no Jornal Nacional – onde temos espaço quase que diário.

Não escrevo ficção, mas a nossa realidade nua e crua.

Que as nossas obras públicas são caríssimas e de péssima qualidade, todos sabem, todos vêem. O que ninguém sabe, e quer saber, é o porquê de tanta insistência em fazer obras não duradouras.

Todas as obras da Copa estão atrasadas em relação ao cronograma ajustado entre a FIFA, governo federal e estadual.

O novo presidente da AGECOPA, numa previsão otimista, admitiu um atraso de sete meses na construção da Arena Pantanal. Solicitou que essa obra fosse tocada em três turnos.

E as outras, que nem começaram? Sem projetos e sem dinheiro, as empreiteiras não conseguirão executar as obras em tempo útil.

Talvez um show de aditivos (esperado por todos), resolva o problema, e enterre o Estado definitivamente.

São Benedito! Iluminai essas decisões!

Gabriel Novis Neves

28-09-2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.