domingo, 27 de fevereiro de 2011

NAMORAR NO PANTANAL

Diz um ditado popular que “rir é o melhor remédio”. Também acho. E me arrisco a acrescentar: “ler é o melhor energético”. E me arrisco mais: “namorar, é mais energético ainda”. Conciliar esses três fatores nos deixa fortalecidos. Rir, ler e namorar, a receita eficaz para nos deixar sempre com o astral lá no alto.

O escritor Abílio Leite de Barros é descendente de papa-bananas, nascido em Corumbá, e hoje vive em Campo Grande (MS). Ganhei de uma amiga um livro de sua autoria: Gente Pantaneira – (Crônicas da sua História). A orelha do livro, síntese do trabalho, é assinada pelo nosso poeta maior, Professor Doutor Honoris Causa da nossa UFMT- Manoel de Barros.

A leitura desse livro é um convite à reflexão. O autor relata histórias inesquecíveis que, segundo o apresentador do livro, se passam numa terra de paz, livre do preconceito, da inveja, e onde os desejos não têm limites – o pantanal.

São muitas histórias. Senti-me gratificado e energizado ao lê-las. Acrescentou-me informações bem inusitadas sobre aquela região. Além de serem repletas de bom-humor, fizeram despertar em mim minhas melhores emoções.

Acabei de ler uma delas, bem pitoresca, sobre o jogo amoroso no pantanal. Abílio nos diz que: “Para o vaqueiro pantaneiro as mulheres estão divididas em três categorias bem distintas: a moça, a mulher solteira e a mulher casada”.

E continua: “A moça é, obviamente, aquela que ainda não provou. No passado, alguns pais mais zelosos faziam o rancho com uma única entrada, como casa de amassa-barro. O quarto das moças era no fundo e sem janelas.”

Abílio nos relata que a mulher pantaneira é objeto de caçadas. Diz que tem cavalo que não pode ver moça na varanda que começa a sapatear com a cabeça erguida, andando miudinho de lado, numa espécie de balé, comandado pelo dono.

“A segunda categoria é a mulher solteira”. E ele explica: “uma das características da solteira do pantanal é que já tem filhos, mas não tem homem permanente. Às vezes a mulher solteira involuntariamente engravida, e fica difícil identificar o pai da criança, coisa, aliás, de pouca importância”.

O último grupo é formado pelas mulheres casadas, que continuam, evidentemente, como objeto de cobiça de todos.

“Sempre em muito segredo, mas, por qualquer descuido, elas pulam a cerca. O conceito de fidelidade para o pantaneiro é fruto da vigilância, e não, da virtude em si. O homem enganado, no fundo, não se sente traído, mas, simplesmente, com a sua vigilância vulnerada”.

E o conceito da beleza feminina? Do ponto de vista do vaqueiro, “a mulher não pode ser magra, feito tábua de bater roupa. Também não precisa ser graxuda de uma vez, mas, no correr da mão, a gente tem que sentir fartura!”

E por aí vai o Abílio, nos presenteando com sua escrita agradável. Uma ótima leitura, sem sombra de dúvidas.

Ah, sim! Cheguei à conclusão que é bem melhor namorar no pantanal - “um paraíso de convivência humana”.

Gabriel Novis Neves

22-02-2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.