terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

TEMPORAL

Certas coisas, assim como aparecem, logo desaparecem. Isso vale tanto para a natureza quanto para os animais, principalmente os racionais.

Um temporal que desaba provocando mortes, destruições e terror, é notado com pavor pelos humanos.

A neta da minha ajudante noturna cedo telefonou para a avó relatando o perigo que ela correria se voltasse para casa pelo trajeto habitual.

O rio encheu muito e havia possibilidade de ele encobrir a ponte. A menina tinha acabado de passar por lá em direção ao seu serviço.

A natureza possui essa característica de falar, pela exuberância da sua presença.

Ela é inimitável quando precisa chamar a atenção para alguma justa reinvidicação. Geralmente reage dessa maneira quando se sente maltratada.

Existem também pessoas - de todas as profissões, ideologias, religiões, raça e preferência sexual - que chegam à sociedade como temporal cheio de trovões, raios e ameaças.

Mas, logo, logo desaparecem sem ser percebidas.

Um temporal, quase dilúvio, que é um desabafo, às vezes não demora seis horas para se extinguir, e logo aparece o sol salvador.

A natureza não promove guerras, mas, ante a ameaça de extinção, chega ao extremo da severidade contra os seus algozes.

Não faz prisioneiros e não guarda rancores.

Ela é nossa amiga, nossa mãe.

Quando necessário levamos algumas leves palmadas, logo esquecidas.

“Pancada de amor, não dói.”

Nos últimos dez anos, para não obrigar ninguém ao sacrifício de uma pesquisa, quantos “heróis humanos” desapareceram como os temporais?

Muitos pertencem à tranquilidade de um dia de sol, sem riscos maiores, já que administram com eficiência as altas temperaturas.

Apreciamos a natureza pela harmonia, que nos transmite a paz.

Já os humanos, talvez, por vaidade, não aceitam a beleza e o silêncio do anonimato.

Alguns preferem o barulho dos trovões e raios, que são belos como fenômenos da natureza.

Apelam então para as futilidades, inexistentes na natureza, para se fazerem notados.

Esquecem, ou desconhecem que, tanto a reclamação da natureza - no caso o temporal - como a notoriedade das pessoas são transitórias.

Nós - os humanos - devemos, com humildade, utilizar mais a sabedoria da natureza que a sua destruição.

Na vida nossa tudo passa.

Menos a natureza, quando respeitada.


Gabriel Novis Neves

03-02-2011

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