terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

BONITO É FEIO

Anunciar aumento de duzentos leitos hospitalares em uma cidade que nos últimos oito anos perdeu mais de mil, e cuja população do aglomerado urbano duplicou, não é um feito bonito.

Se considerarmos, entretanto, que a ex- Cidade Verde e a sua irmã do outro lado do rio Cuiabá atendem pacientes de todo o Estado, então o bonito é feio.

Quem vive saúde sabe como é pequeno o investimento para obras de remendos hospitalares.

Tanto é verdade que o governo estadual e federal fogem desses projetos sociais como o diabo foge da cruz.

Aqui em Cuiabá, o governo estadual incentivou o fechamento e a diminuição de muitos leitos hospitalares. Não contando as barbaridades cometidas com os laboratórios auxiliares.

Uma competente radiologista de um laboratório de referência do Estado me contou um fato inacreditável. O nosso governo recebeu do Ministério da Saúde vários tomógrafos de última geração. Um desses aparelhos queimou a sua placa principal. Em vez de uma simples troca, a ordem que veio de cima foi a de retirar a placa de um aparelho que iria para o interior do estado. O do interior virou sucata, e nunca chegou ao seu destino.

Este ato não foi um impulso emocional para resolver o problema do aparelho daqui. O governo sabia que, no interior, teria de contratar especialista com salário diferenciado, cuidar da manutenção do equipamento, que não é barato, e o técnico seria importado.

Isso tem um nome: gestão leiga, aquela que não aborrece os mandatários.

É simples resolver honestamente a humilhação da falta de leitos para os pobres. É só inverter a proposta.

Em vez de se oferecer dois milhões de reais a um hospital construído há mais de quarenta anos para criar sessenta novos leitos, que seja proposto ao hospital oferecer esse número de leitos. O preço da construção fica por conta do hospital.

Em contrapartida, o Estado compraria a utilização dos mesmos por trinta anos, com tabela diferenciada da tabela oferecida pelo SUS.

Como está sendo conduzido o nascimento desses leitos, o melhor é seguir o exemplo dos funcionários que definem a tabela do SUS e procuram tratamento em São Paulo, naquele hospitalzinho deles, o Sírio-Libanês.

Falar bonito para iludir a população, já desiludida, é feio.

Gabriel Novis Neves

14-02-2011

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