A traíra é um peixe carnívoro de água doce.
É um dos peixes mais populares do Brasil.
Deve-se ter cuidado ao manipulá-la viva, pois costuma dar mordidas muito dolorosas e que sangram abundantemente.
Uma das características dessa espécie é o uso da emboscada para caçar.
Geralmente, a traíra fica escondida entre as plantas aquáticas, à espera de uma vítima imprudente para atacar.
Por esse comportamento traiçoeiro, o nome traíra é popularmente utilizado no Brasil para definir pessoas desleais, falsas, imorais e covardes, que agem em surdina para prejudicar alguém.
É o conhecido traidor.
Acho que a maioria das pessoas já foi agraciada com uma traíra na sua vida.
Eu já.
Já fui vitima inúmeras vezes dessa espécie, e no meu próprio habitat.
O traidor é sempre um cara de pau!
Certa feita caminhava eu na difícil estrada da construção pela ética e pela medicina humanística, quando fui atacado por uma traíra.
Naquela época, não tinha tempo para questões menores, como política médica visando ocupação de cargos bem remunerados.
Mas, a minha traíra sim.
Sempre traindo, essa traíra do pequeno riacho, conseguiu chegar à direção máxima nos serviços por onde passou.
O seu longo período foi marcado pela má gestão. Não conseguiu permanecer eternamente nesses postos diferenciados de trabalho burocrático.
Tal qual a traíra peixe, o homem-traíra é indigesto – possui muitos espinhos.
Recebeu dos seus colegas o valoroso troféu de traíra, o máximo que um traidor pode almejar na carreira.
Nem com lixa de aço as marcas da traição desapareceram.
Enfraquecido, não conseguiu indicar o seu sucessor.
No ostracismo, procurou uma garupa política segura, mas o seu cavalo perdeu a corrida nos últimos cem metros.
Como todo esperto peixe de água doce desapareceu nas profundidades do rio, deixando o esquecimento vencer os seus temores, para uma absolvição.
Nos momentos difíceis, de mim sempre recebeu uma palavra de conforto.
Pois bem.
Essa traíra costumava frequentar a minha intimidade caseira.
Um dia, após abarrotar a barriga com pastéis fritos na hora e esvaziar várias latinhas da redondinha, se despediu entre sorrisos e abraços – horas depois me traiu.
Assim vive a traíra. De traições em traições.
Portanto, fiquem alertas!
Ao entrar em um rio, cuidado com o que escondem as plantas!
Gabriel Novis Neves
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