quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

FAZ FALTA

“O humor só existe quando há indignação”.

Os antigos, diante de um fato revoltante, sempre dizem: “Isso sempre foi assim! Ninguém conseguirá mudar esse comportamento”.

Nos últimos sessenta anos os exemplos políticos estão na memória de muitos.

Cai a ditadura de Vargas, em 1945. Quem ganha às eleições democráticas realizadas após 34 dias do mesmo ano? O cuiabaníssimo Eurico Gaspar Dutra, que durante a ditadura foi ministro da Guerra do ditador.

Sai Dutra da presidência e volta quem? O ex-ditador Vargas, eleito democraticamente pelo povo. Seu mandato é marcado pela morte de um adversário, tramada sem o seu conhecimento, por seu guarda-costas. Diante de tanta traição e humilhação, o gaúcho pratica o suicídio.

Em seu lugar assume o seu vice, com nome da nossa riqueza maior na época - Café. Fez uma complementação de mandato acidentado, e acabou sendo deposto. Quem assumiu? Um deputado da base de sustentação de Vargas.

Nova eleição é realizada, e o vencedor é JK. O vice era o herdeiro político do ex-ditador.

JK realiza um grande governo, mas não consegue eleger o seu sucessor. Elege-se o sul mato-grossense Jânio, representante da ética e da moral. Seu vice? Reeleito o herdeiro político de Vargas.

O 1º ato do novo presidente foi proibir rinha de galo no Brasil, regulamentar o uso de biquíni nas praias e condecorar o “Che.”

Não suportou oito meses de solidão; renunciou ao cargo de presidente do Brasil, frustrando milhões de brasileiros.

Que assumiu o governo? O herdeiro de Vargas, o Jango. Cercou-se de intelectuais da esquerda, sindicalistas, líderes populares e subalternos das Forças Armadas. Conservadores, aristocratas, banqueiros, a igreja, a grande mídia, apoiaram as forças armadas a retirar o gaúcho comunista e patrocinador da desordem. Sob aplausos da maioria, os militares assumiram o poder por longos anos.

O último presidente militar combinou passar o governo ao ministro da Justiça de Vargas no dia do seu suicídio.

Tudo acertado. Porém, uma doença fatal impediu a sua posse após eleição “democrática” pelo independente colégio eleitoral, composto de deputados e senadores, alguns biônicos.

Quem assumiu? O vice, que foi presidente do partido dos militares, e que quando viu água na canoa pulou para a oposição. Não recebeu a faixa do presidente que deixava o poder, que, inconformado, saiu pela porta dos fundos do palácio.

O presidente do partido da revolução era então o presidente que iria implantar a democracia. Como legado nos deixou uma das maiores inflações deste país e aumentou o seu próprio mandato de quatro para cinco anos.

Passou o governo ao Caçador de Marajás de Alagoas. Era um presidente multiatleta com exibições semanais na Rede Globo. Muito apegado à família, morava na Casa da Dinda, e não em palácio.

Um probleminha de corrupção o fez “renunciar”, com dia e hora marcados. Saiu pela rampa do palácio acompanhado da sua jovem esposa.

Quem assumiu? Um velho político das Gerais, que, ante a impossibilidade de se reeleger senador, topou a aventura de ser vice e tornou-se presidente. O seu período foi marcado por dois fatos importantes: conseguiu combater e controlar a indecente inflação, e pela foto com uma desconhecida modelo no camarote de carnaval da Brahma, no Rio de Janeiro. Fez o sucessor, o seu ministro da Fazenda, o PhD FHC.

Este período caracterizou-se pela venda das empresas estatais. Entregou o governo ao “Sapo Barbudo” do doutor Brizola.

O operário no governo chegou com ares de mudanças para melhor. A 1ª medida do ex-operário foi comprar um moderníssimo jato francês para percorrer o mundo vendendo aviões brasileiros da Embraer. Foi um período de muito barulho. O projeto dos cartões corporativos foi a grande conquista social do seu mandato. Deixou uma senhora esquentando o seu lugar. Ela ainda não pode ser avaliada, mas o seu 1º ato foi acabar com os cartões que produzem dinheiro para os “responsáveis” pelo Brasil.

Como faz falta a indignação, para amenizar essas frustrações!


Gabriel Novis Neves

07-02-2011

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