sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Perda da razão

Em medicina, perda da razão tem várias interpretações científicas. Há uma nada agradável, que é chamada de alienação. Mas isso é na medicina, outrora chamada a arte de curar.

Sinto que o meu Estado, e a cidade onde nasci, sofrem de alienação no seu grau mais sério, caminhando para a cronicidade.

A alienação é total, “de mamando a caducando”.

A nossa Arca de Noé está fazendo água, e a pequena aristocracia burocrática, que no momento comanda a embarcação, ainda não percebeu nada.

Durante anos convivi profissionalmente com pacientes alienados. Sentia-me um privilegiado por estar ao lado deles, às vezes ajudando-os.

Hoje, diante dos considerados saudáveis, tenho receio de me tornar um alienado.

Uma sociedade que vive sem referenciais de valores é uma sociedade alienada.

Em todos os segmentos sociais, a insensatez é o fator dominante.

Vivemos em um Estado falido, sem projetos para a nossa gente. Sem saúde, educação, segurança, capacitação profissional, respeito pelo meio ambiente e ao cidadão.

Ninguém mais se comove com uma criança pobre esperando reformar a sua escola - fechada durante as férias – para poder voltar a estudar. Nem com a falta de professores e os seus ridículos salários.

Ninguém parece se importar com a saúde pública, sucateada pelos escândalos denunciados diariamente pelo secretário. Ou com a segurança - cujos indicadores de violência se equiparam aos do Complexo do Alemão, no Rio.

Vivemos na mais completa alienação.

Para o tratamento da alienação que impera entre a população, o governo está se utilizando de uma medicação que há anos saiu do mercado: o circo. Por aqui recebeu o nome genérico de Copa do Mundo.

Ainda dá tempo de se corrigir essa prescrição, já que o paciente trocou de médico. Ainda não perdemos toda a razão. Sabemos que para fazer obras precisamos de dinheiro, e isso não temos.

Em vez dos esperados recursos federais, ganhamos cortes totais para este ano. Há embromações e manipulações de frases de efeito.

Alienados sim, mas nem tanto!

Gabriel Novis Neves

18-02-2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.