segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tiririca

Nunca, jamais, antes, em tempo algum, na história deste país um ser humano foi tão humilhado, desrespeitado, discriminado e constrangido, como o palhaço Tiririca.

As raízes dessa agressividade contra um brasileiro que se salvou da morte física prematura, e não da morte das letras, talvez estejam ligadas a uma série de protótipos sociais.

Mulato, baixinho, nordestino, usuário do pau de arara como transporte coletivo, com uma profissão não convencional, chegou à cidade grande para tentar a vida por meios lícitos.

Longe de aquele palhaço imaginar, que em pouco tempo com o seu trabalho de divertir crianças e adultos, fosse virar celebridade política nacional!

Se o palhaço, montado em quase um milhão e meio de votos conquistados no Estado brasileiro de melhor pontuação educacional, representa uma afronta à soberania nacional e a ética, essa será outra discussão.

O palhaço é a cara do Brasil! Bastou as urnas mostrarem a fotografia do brasileiro, para desenterrar a discussão sobre o analfabetismo. Uma praga tão nossa conhecida! E o assunto tomou conta do noticiário nacional.

O Tiririca, antes de assumir o seu cargo em Brasília, já presta relevantes serviços ao país, mostrando a existência de milhões de brasileiros que não encontraram uma porta de escola na sua infância - e nem por isso virou marginal.

Vivemos em um país onde se faz a apologia da ignorância, da burrice e da falta de estudos e de uma hora para outra tornamo-nos intransigentes defensores da legalidade da educação.

Somos quase duzentos milhões de habitantes, ardorosos defensores da Lei do Gerson.

Qual a vantagem, como dizia o canhotinho famoso, em um país de analfabetos punir e humilhar apenas um, que nem bolsa recebe do governo?

O grande pecado do palhaço é que descobriram que na sua bagagem para Brasília, Tiririca, pelo artifício do voto de legenda ou sobras de votos conquistados democraticamente, está transportando cadáveres sociais.


Gabriel Novis Neves (7.5+129)

12-11-2010

Um comentário:

  1. Perfeito, perfeito, perfeito, simplesmente perfeito Dr. Gabriel. Parabéns.

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