quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FARSA

A poeira do período eleitoral está baixando e percebo com maior nitidez o que aconteceu.

Lembro-me perfeitamente da excrescência do bipartidarismo no Brasil. Os brasileiros eram divididos em: do bem e do mal.

Até hoje essa ferida não está cicatrizada e as seqüelas produzidas são definitivas. Os jovens acreditam que vivem em um país democrático com o multipartidarismo.

Está na nossa memória a recente campanha eleitoral com vários candidatos disputando a presidência do Brasil, governos dos Estados, Senado e uma cadeira de deputado federal e estadual.

Nunca vi uma farsa tão bem montada! Com mais de duas dezenas de partidos políticos, numa demonstração falsa de pluripartidarismo com opções ideológicas.

Tudo mágica! O Brasil continua no bipartidarismo moderno, não da Arena e MDB, mas dos dois grandes partidos nacionais. Temos o partido dos banqueiros e o partido dos empreiteiros. São eles os únicos responsáveis pelos nossos candidatos democraticamente eleitos.

Foi tanto cinismo que durante o processo eleitoral discutiu-se diariamente fé e modelo econômico privatizante. Também se discutiram estratégias de desenvolvimento para uma nação que tem dono e paga muito bem para escolhê-lo.

Essa metodologia empregada serviu para esconder da população os motivos da nossa estagnação social e os nossos principais e urgentes problemas.

Qualquer cidadão tem acesso aos dados sobre os valores e financiadores das campanhas políticas. São na maioria bancos e empresas. O povo não participa, vota.

Aqui no nosso Estado o partido dos bancos está muito bem organizado. Os bancos envolvidos nos escândalos de corrupção no governo são os mais generosos nas suas contribuições.

O partido dos empresários possui várias facções. A principal é a do grupo dos empreiteiros. É oportuno esclarecer que, na verdade, esses dois grandes partidos políticos citados fazem apenas adiantamento de recursos, para posterior devolução com juros e correção monetária, pagos pelo trabalho do otário eleitor.

Não é à toa que mensalmente fico abestalhado com o incrível lucro dos bancos. Também me assusta o sonho de consumo dos nossos jovens. Todos, quando crescerem, vão querer ser empreiteiros.

Os cargos públicos mais disputados são aqueles cujos titulares trabalham com bancos ou empreiteiras.

Vai ser interessante observar o comportamento dos nossos representantes no Executivo e Legislativo diante daqueles partidos doadores. Defenderiam a coletividade anônima ou seriam gratos aos membros dos partidos majoritários que os elegeram? Trairão seus “amigos” sabendo que daqui a dois anos teremos novamente eleições e começará tudo de novo? As pedras cangas de Cuiabá sabem de tudo que irá acontecer.

O povo continuará sendo bombardeado pela mídia das ilusões, muito bem nutrida com o sangue do Tesouro, procurando a construção de mitos, e, no caso da nossa cidade, calando-se, para a população não saber que a água do rio Cuiabá é esgoto de um hospital federal e de ensino.

O lixo continuará debaixo dos tapetes palacianos e o meio ambiente destruído. É isso o que espero, até que aconteçam as mudanças urgentes e prometidas.

A nossa presidente tem a faca e o queijo na mão. Possui maioria no Congresso e um patrimônio herdado de popularidade, além do apoio dos dois grandes partidos políticos que desenharam o novo perfil político desta nação - com as suas generosas contribuições financeiras.

Enquanto espero as reformas políticas de financiamento de campanhas e voto distrital; a reforma tributária e da Previdência; o comprometimento explícito com a ética e a justiça; maior atenção às políticas sociais; e especial olhar para o meio ambiente, fico com o bordão do Gordo de todas as noites: girando, girando, girando... para não pensar em farsa.


Gabriel Novis Neves (7.5+113)

06-11-2010

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