quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ÁGUA MOLE

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.” Este é um dos muitos provérbios que aprendi quando criança. Já perdi as contas das vezes em que saí em defesa de mais recursos para a saúde pública: foram vários artigos, palestras e entrevistas.

Os plantonistas do poder não aceitam essa colocação, e enganam a população diagnosticando como má gestão o caos da saúde. O Hospital da Universidade Federal de Mato-Grosso recebeu a visita dos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, da Assembléia Legislativa.

Disse-me um deputado que jamais poderia imaginar encontrar, em um Hospital do governo federal, cenas tão fortes. Uma vergonha!

O Hospital “corre o risco de sofrer uma explosão devido à falta de manutenção das caldeiras.” A sua troca está orçada em R$ 240 mil, mas o governo federal e a instituição não possuem esse dinheiro para investir. Isso é má gestão ou falta de recursos para a saúde?

A estação de tratamento de esgoto do hospital não funciona há 10 anos! Todos os dejetos são jogados no Rio Cuiabá, que abastece a Capital. São necessários R$ 600 mil para a reforma do tratamento do esgoto e esse dinheiro não existe! Isso é má gestão?

A obra para a construção de um Centro de Nefrologia está parada. A placa da obra colocada em 2007, diz que o término da obra seria em julho de 2008, o que não aconteceu, e ninguém protestou.

O governo federal deixou de enviar recursos e o governo do Estado não está nem aí para essas coisas. Se dependesse do Estado a saúde pública desapareceria do seu organograma.

O hospital sofre com as infiltrações de água. O almoxarifado, que guarda entre outras coisas os equipamentos, é extremamente úmido. Há falta de funcionários, e os cedidos pelo Estado e outros órgãos públicos agravam o funcionamento do hospital - por problemas de isonomia salarial.

Funciona também com deficiência de pessoal administrativo. Mesmo assim continua fazendo 30 mil atendimentos mês. E esse hospital abriga uma das melhores Escolas de Medicina em graduação do Brasil pela avaliação do Ministério da Educação (MEC).

O hospital do governo federal não possui o alvará de funcionamento fornecido pela Vigilância Sanitária. Qualquer hospital privado de Cuiabá, se apresentar uma parede trincada, já é o suficiente para que a Vigilância Sanitária o interdite com tremenda multa. O nosso hospital universitário está funcionando sem alvará! Isso é má gestão como dizem os nossos governantes?

A verdade é que - “A mentira é doce, a verdade amarga!”

Falta interesse político para destacar recursos financeiros para a saúde pública. Com a censura que o governo deseja implantar, acontecimentos como a situação moribunda do nosso hospital federal, ficariam eternamente naquela criminosa história: recursos existem, o problema é de gestão.

Este artigo também não seria publicado. Os nossos governantes não suportam ouvir verdades. Na elaboração deste artigo contei com a colaboração da jornalista Caroline Rodrigues, do jornal “A Gazeta.”


Gabriel Novis Neves (7.5+105)

29-10-2010

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