sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A TARA DOS PREFEITOS

Desde que Cuiabá existe, uma das preocupações daqueles que administraram e administram esta terra foi com o abrigo para os passageiros do transporte coletivo.

Bem antigamente, nos tempos dos meus avós, a parada dos passageiros que esperavam condução - os cavalos e as charretes - era embaixo dos mangueirais e árvores frondosas. Os passageiros eram transportados para locais geralmente muito distantes. As pequenas e médias distâncias eram feitas a pé.

Com o crescimento da cidade, as antigas e longínquas chácaras da pequena vila foram sendo transformadas em bairros. Os casarões em edifícios. Os mangueirais e as árvores frondosas engolidas pelo “progresso”. Só sei que, de quatro em quatro anos, os nossos alcaides têm como projeto prioritário a construção de um novo modelo de abrigos para passageiros usuários do transporte de massas.

Conheci outro dia o modelo 2010/2011. Um horror! A criatividade de quem elabora semelhantes projetos é, no mínimo, um deboche. Acho que se julgam originais, quando na verdade estão sendo ultrajantes e desconcertantes. Servirá muito bem de cenário para fotografias de turistas. Também será um lugar ideal para a venda de drogas. Mas, como abrigo de passageiros não serve, pois a sua capacidade protetora mal dá para cinco pessoas.

Já topei com alguns instalados em ruas sem muito movimento de transportes coletivos. Um deles foi estrategicamente colocado nas proximidades da nova Arena Pantanal. Com certeza servirá de encantamento aos milhares de estrangeiros que aqui estarão na Copa do Mundo.

E o conforto para os nossos trabalhadores? Nem pensar! Continuarão apinhados nos pontos de parada dos ônibus, sofrendo com o sol e a chuva.

Esta nova versão para abrigos de passageiros servirá somente para provar aos turistas que tudo é possível - inclusive construir abrigos virtuais.


Gabriel Novis Neves (7.5+88)

02-10-2010

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