terça-feira, 16 de novembro de 2010

COMPLETANDO TEMPO

Não sei qual o motivo que leva certas pessoas a esconder o tempo vivido - chamado de idade. Sempre gostei de mostrar o meu relógio biológico do tempo vencido, com ano, mês e dia. Assim procedendo, evito o aborrecimento de dar respostas a certas perguntas. Conheço as principais perguntas feitas pelos curiosos da idade alheia, que vão da trivial até a mais intimista.

- Gente, como você está bem para a sua idade! Nem parece que está chegando aos oitenta! Também pudera! A sua família dos dois lados é de gente que vive muito, não é? Parabéns! Mas não se esqueça dos médicos, remédios, dietas, exercícios e não abuse.

Ou então:

- Você está acabado! Nem parece com aquele dos tempos da mocidade! A saúde vai bem? Algum problema sério com a família ou nos negócios? Você não pode se entregar. Veja o caso do Juvenal da padaria. Estava pior que você, deu a volta por cima e parece que vai até se casar.

E também tem aquela clássica:

- Afinal, qual a sua idade verdadeira?

Por aí vai a bisbilhotice sem fim.

Decidi assinar os meus artigos com informações de utilidade pública para os “Fuxiqueiros”: a minha idade.

Pensei que estava sendo original, mas, para minha surpresa, descobri que muita gente faz isso.

Recebi de uma amiga das Gerais um recente e-mail anunciando que o seu relógio biológico está vencendo mais um tempo. Comunicou-me a sua nova idade, assim, de forma bem espontânea. Eu não perguntei nada!

Quando as mulheres espontaneamente declaram a sua idade, me fazem lembrar minha mãe perante um fato inusitado: “Os tempos são outros, meu filho!” Na ausência da minha mãe completo com convicção – “e para melhor”.

Este gesto é apenas um pequeno sinal onde a hipocrisia de esconder a idade está com o seu reinado e dias contados. As falsas identidades produzidas por bisturis e medicamentos, em declínio.

Finalmente parece-me que as pessoas resolveram vestir-se com o manto da sua história de vida real. Este gesto foi apenas um aceno, mas me deixou esperançoso.

Como é bom completar o tempo real de vida, sem valorizar os desnecessários e artificiais “truques tecnológicos”!

“Completando tempo” não é um castigo da natureza. Para mim soa como uma dádiva.

Parabéns, corajosa pioneira! Libertária soldada da quebra de paradigmas!


Gabriel Novis Neves (7.5+113)

06-11-2010

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