quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sincero e singelo

A Medicina é uma ciência centrada em membrana, citoplasma e núcleo. Este conjunto de três palavras tem o nome de célula, que é a origem da vida.

O crescimento da célula se faz pela divisão e soma. Lindo ensinamento de biologia aos nossos economistas! Para se desenvolver é preciso primeiro dividir e depois somar.

Alguém disse o contrário: primeiro somar para depois dividir. Resultado? O Brasil frequentou a zona de rebaixamento para a divisão dos países mais pobres do mundo!

Ah! Como seria bom, se seguíssemos os ensinamentos da Natureza!

Continuando com a célula. Ela se transforma seguindo os métodos matemáticos da Natureza, dentro de um banco inviolável, chamado de útero.

Após nove meses de investimentos, recebemos o retorno da aplicação. No caso de humanos - o senhor feto! Masculino ou feminino produzido pela Natureza.

Aquela solitária célula fecundada, agora é feto e continuará o seu projeto de crescimento e desenvolvimento de forma ordenada, chegando ao senhor cidadão.

Infelizmente poderão acontecer acidentes nesse percurso, especialmente quando a Matemática da Natureza resolve crescer de forma desordenada. Chegaremos ao tumor e não ao cidadão. A vida - interrompida. É a vida.

Como cidadão o nosso passado é uma obra perfeita de engenharia genética, tratada e cuidada com os valores que recebemos em casa.

O presente é responsabilidade agora daquela pequena célula, que um dia recebeu o sopro da vida. O futuro será uma conseqüência, que um dia irá se exaurir. Depois é depois, respeitando todas as crenças.

Simples explicação para, em poucas linhas, abordar o mais complexo dos temas, que é a vida e a morte.

Escrevi um artigo - “Conversa Espiritual.”

Um amigo especial, meu educador sociológico, compadre várias vezes - que até parente viramos - surpreendentemente me escreve sobre - “Conversa Espiritual.”

Ele é das Gerais e morador do mundo. Intelectual erudito tem luz própria. Erudição adquirida, não na mais famosa universidade.

Graduado nas Gerais veio para cá atraído pelas propostas do “Movimento Novo Mato Grosso”, de Pedrossian.

Foi o responsável, juntamente com outros colegas, pela ocupação das glebas cacerenses. A sua experiência nessa área era imbatível.

Com orgulho se intitula sociólogo do mato. É um mineiro com toda a carga genética do seu povo, rica em cromossomos da literatura, artes, política e tradições.

O que me encantou na correspondência eletrônica do meu velho mestre, que Deus colocou ao meu lado no início da minha carreira de homem público, foram as suas impressões sobre o meu artigo.

Disse-me o mestre João Vieira:

- O seu relato tão sincero e singelo!- palavras mágicas que me levaram ao êxtase, vindas de quem veio.

Peço licença ao leitor para falar um pouquinho de mim. Sempre procurei ser conhecido, não reconhecido, como um homem sincero e singelo. Procurei sempre pautar pela sinceridade os meus atos – um dos valores repassados pelos meus pais. Adotei um estilo de vida simples - herança da minha criação.

Com a alma cheia de reconhecimento ao meu mestre, é inevitável o aparecimento das recordações. Tantas e tantas recordações! A maioria, agradáveis recordações!

Certa ocasião ele percebeu a minha preocupação com a implantação da universidade (UFMT). Discretamente ficou a minha espera próximo ao meu carro - um elegante “Pé de Boi” (apelido dado ao Fusca mais barato existente no mercado).

Ao abrir a porta do motorista, vejo na porta do carona, o professor Vieira pedindo carona. Falei para ele entrar. Seu destino era um pequeno hotel que ficava no trajeto da minha casa.

Durante a viagem de automóvel não trocamos nenhuma palavra. Ao desembarcar ele falou:

- O professor está preocupado.

Respondo com o movimento da cabeça em sentido vertical. E ele prossegue:

- Dirigir cérebros é tarefa difícil, medíocres é fácil. A História lhe escolheu para esse papel - administrar gênios. Boa noite e obrigado pela carona.

Devo confessar que essas palavras ditas pelo meu mestre, me acompanharam pela vida toda. Confesso também que fiquei agradecido e enternecido. E é exatamente assim que me sinto neste momento.

Acabo de receber o troféu que sempre quis ganhar:

“Sincero e singelo.”


Gabriel Novis Neves (7.5+118)

11-11-2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.