sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CUMPRIMENTO

Sou uma pessoa tímida. A minha timidez já me colocou em cada saia justa! Cumprimentar ou saudar as pessoas, por exemplo.

Desde o tempo de menino tenho essa dificuldade. Minha mãe me chamava de “bicho do mato”.

Aprendi com ela um tipo de cumprimento que hoje em dia está quase esquecido: para cumprimentar as pessoas mais velhas deveria colocar as mãos em posição de oração na frente da pessoa e pedir a bênção. Este tipo de cumprimento ainda se observa nas classes mais humildes ou na zona rural.

Claro que o “bicho do mato” evoluiu um pouquinho – talvez efeito da terapia - mas continuo a ter essa dificuldade. Sempre na hora de cumprimentar alguém me surgem algumas dúvidas: estendo a mão tomando a iniciativa da saudação ou espero que a do amigo/a venha em minha direção?

Arrisco a retribuir um beijo recebido na face ou fico no recebimento? Agarro-me num abraço ou faço de conta que não entendi nada daquela saudação carinhosa?

Sinceramente, nunca sei como proceder. Por causa da minha timidez sempre espero a iniciativa do outro, aí tento retribuir igual. Se o outro não toma iniciativa então fica só no cumprimento do oi, oi, e gesticulo com a mão.

O cumprimento varia muito de cultura para cultura. No ocidente, e na maioria do mundo, o cumprimento é o aperto de mão. É comum também o beijo na face, cujo número varia de um a três.

Entre os árabes, e nessa comunidade tenho experiência, pois vivo cercado deles, a saudação entre amigos é a troca de beijos nas faces.

Na China, na Coréia e no Japão as pessoas se inclinam para frente, e quanto maior é o respeito, mais o corpo se dobra. Jamais poderei ir ao Japão.

Seria considerado pessoa desrespeitosa, pois não tenho como curvar minha coluna, com duas hérnias de disco, para o cumprimento, mesmo acompanhado de um bom fisioterapeuta especializado em RPG (Reposição Postural Gradativa). Os orientais não se tocam entre si.

Os russos se cumprimentam dando de 3 a 4 beijinhos na bochecha, bem pertinho da boca (principalmente os homens).

Os esquimós se cumprimentam esfregando o nariz um no outro enquanto sorriem.

Na Índia o mais usual é unir as mãos e dizer “namastê”; abraços e beijos não são comuns entre mulheres. Em compensação, os homens indianos, assim como os árabes, andam abraçados ou de mãos dadas, e isso denota amizade.

Como fato histórico gostaria de citar o antigo cumprimento romano: braço esticado para frente com a palma da mão para baixo. Lembra muito a saudação dos nazistas, fascistas e ditadores.

Fui informado que este cumprimento, o romano, foi oficializado em vários países africanos e da América Latina.

Esse cumprimento, o romano, dizem que é visto com entusiasmo por aqui. A sua oficialização dependerá do próximo presidente. Pelo menos é o que dizem.

Com um abraço, que é a demonstração máxima de afeto para um tímido, fico no aguardo do Ano Novo.


Gabriel Novis Neves

30-10-2010

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