segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A BANALIZAÇÃO DO ESTRESSE

Vivemos o século da banalização. Tudo foi banalizado. Noto em meu consultório uma nova modalidade de banalização: a do estresse. Todos se queixam do estresse, essa maldição do mundo competitivo. Do mundo das marcas e não dos valores morais. Do material e não do imaterial. Do mundo da Lei do Gerson.

O mais triste nessa história, é que os pacientes além do uso indiscriminado da auto-medicação, agora fazem também o auto-diagnóstico e tratamento da doença da moda: o estresse.

- “Doutor, estou aqui para lhe informar que estou com estresse e na próxima semana viajo para pegar uns dias de praia para me curar!”

Até que ponto chegamos, em debitar na conta do estresse os nossos conflitos e fraquezas! Somos seres factíveis de errar, sofrer, amar, acertar, alegrar e entristecer.

Desde quando uma viagem cura um estresse? Sempre transportamos o estresse conosco, muitas vezes inviabilizando financeiramente o custo do “tratamento” com a companhia indesejável.

E como são comuns essas práticas! A vida sem futuro, esperança, valores, família, amigos e oportunidades, é o combustível que tem que ser tratado para resolver o estresse e não o transporte dessas preocupações como companheiro da nossa fuga.

Sei também ser este o caminho mais simples de satanizar o estresse, tão difícil de justificar ou encontrar a sua verdadeira origem.

Pensar em tempo de banalização tornou-se privilégio dos velhos. Estes geralmente tem tempo, para jogar pensamentos acumulados para fora.

Pobre da medicina em que os seus segredos hipocratianos, foram banalizados. Não aceitando esta prática, sei que sou uma gota de preocupação, em um oceano de água salgada banalizada pelos esgotos sociais.


Gabriel Novis Neves (7.5+108)

22-10-2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.