terça-feira, 2 de novembro de 2010

A NECESSIDADE DE MORRER

A morte ainda é um assunto tabu na nossa sociedade. Muitos querem negar a sua própria finitude. Sou médico, e como tal, já mantive, por inúmeras vezes, contato estreito com a morte.

Encaro-a com naturalidade e como uma necessidade. O ser humano seria esmagado pela própria vida se esta fosse infinita.

Cheguei a esta conclusão ao estudar a vida de Jesus Cristo - o Filho enviado por Deus para nos salvar.

Considero a morte como a obra prima de Deus. Ah! Se Deus se esquecesse de criar a morte! Como seu Filho iria sofrer aqui na Terra!

Com todos os seus poderes, “Ele” não impediu que o matassem barbaramente aos trinta e três anos de idade.

A morte é uma continuidade que muitos não entendem. Nós é que criamos essa história de temor à morte.

Desde o momento divino e deslumbrante do início da formação de um corpo físico - resultante da fusão de óvulo e espermatozóide - até o seu nascimento, após nove meses no útero materno, começamos a morrer.

A vida é um processo contínuo de envelhecimento.

O tempo que chamamos de futuro não existe para as civilizações primitivas, e nem para as crianças. O futuro para elas é a ilusão. O final de todo este processo de vida criado por Deus, chamamos de morte.

Deus é sábio e caridoso ao impedir a nossa eterna caminhada e afasta-nos desta terra para outros planos espirituais.

Imagino hoje se tantos ilustres mato-grossenses ainda estivessem por aqui. Não iriam entender nada do que está acontecendo e, com certeza, teríamos a maior taxa de suicídios do mundo por desilusão.

Fico pensando na “mediocridade” de Rondon, o grande pacificador dos índios, que foi e voltou de Manaus a pé para instalar o telégrafo, fazendo a integração nacional de grande parte deste Brasil.

Em Dom Aquino Corrêa - o pacificador político que assumiu o governo do Estado debaixo de tiroteio.

Naqueles que doaram a sua própria vida para que o território de Mato Grosso não fosse dos paraguaios.

Nos pracinhas cuiabanos que morreram na Itália defendendo a liberdade e a democracia mundial.

Não citarei nomes dos mais recentes, e que nos deixaram um estado viável.

Ah! Se a maioria não tivesse morrido! Com certeza estariam muito aborrecidos.

Se o nosso Deus retirou o seu Filho daqui com apenas trinta e três anos, entendemos a necessidade de morrer.


Gabriel Novis Neves

01/11/2010

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