domingo, 28 de fevereiro de 2010

Greta Garbo

Em 1973 assisti no Teatro Santa Rosa no Rio de Janeiro a peça “Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá”. A peça de Fernando Mello, em estilo realista, faz um relato da solidão humana na metrópole. Narra o sonho de um viciado que sonhava em ser Greta Garbo.

Lendo os jornais locais descubro que ainda existe o concurso de Miss Brasil. Este concurso começou a ser realizado em 1954, na boate do Palácio Quitandinha em Petrópolis. Só perdia em importância para a Copa do Mundo. Depois passou a ser realizado no Maracanãzinho sábado à noite - totalmente lotado com personalidades da sociedade carioca e do povão. O restante da população ficava em casa assistindo e torcendo pela televisão ou rádio. O Rio de Janeiro parava, aliás, o Brasil inteiro. Só se falava do concurso e se discutia sobre as favoritas. Na década de 60, o Brasil conquistaria suas duas únicas vitórias no Miss Universo - com Ieda Maria Vargas em 1963 e Marta Vasconcelos 1968.

Com a mudança da capital para Brasília, o concurso começou a morrer. Segundo Heitor Ferreira, secretário do Presidente Geisel, este “se recusou a receber as candidatas a Miss Brasil (1974)”, no Palácio Alvorada. As candidatas para competir deveriam ser brasileiras natas, e era obrigatório o seu nascimento nos estados que representavam no concurso nacional. Márcia Gabriela era carioca, foi eleita Miss Brasil representando Mato Grosso. Foi aplicado o famoso jeitinho! Mas a eterna Miss Brasil é a baiana Marta Rocha, que perdeu o título mundial por causa de duas polegadas, em 1954.

Hoje em dia a seleção das candidatas ao Miss Brasil é realizado em cidades do interior do estado, e o concurso passa quase despercebido. Os jovens de hoje não estão nem aí para este evento, ou nem chegam a tomar conhecimento que existe. Eles acham uma aberração escolher a mais bela brasileira com os critérios de escolha de animais em exposição agro-pecuária. Estão certos eles? Talvez. Apenas relembro este evento para dizer a eles que até Greta Garbo pode acabar no Irajá. O que hoje é paixão, amanhã pode ser indiferença.

Gabriel Novis Neves
27/02/2010

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