quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CADUQUICE

O final diário do meu exercício físico é na padaria onde compro o pão nosso de cada dia. Nesse horário a freguesia, na sua imensa maioria, é de velhos - das mais variadas profissões. É ponto de encontro também para aqueles que têm neurose em colocar a mão no bolso e encontrar uma aranha caranguejeira. Por isso “emprestam” um jornal da banca da padaria para a sua leitura diária, pois a maioria dos velhos não sabe nada de computação.

Como estava falando, hoje ao chegar à padaria fui aplaudido por um querido “speaker” de rádio, dublê de dono de “butiquim”. Pergunta-me se li a coluna tal. Respondo que não, pois no dia anterior tinha saído da rotina. Lamenta e comenta: “você perdeu de ler uma declaração de amor de uma colunista famosa!” Todos, naquele mundinho da padaria, ficaram sabendo, pois mesmo com a idade avançada, a sua voz continua estrondosa.

Retorno para casa com os quatro pães, pensando na tal declaração. Via email solicitei da autora, uma amiga muito querida e conceituada colunista, uma cópia do que tinha escrito para guardar. Que desilusão! Era um comentário em que ela dizia que gostava da leitura dos meus testículos (textos pequenos), que os meus amigos publicam. Fiquei contente, pois pelo menos a ela sei que não aborreço com a minha mais nova mania.

A idade avançada do velho speaker, que usa até suspensório para as calças não caírem, fez uma leitura como se fosse uma declaração de amor. Ledo engano! A minha amizade com a colunista data dos bancos escolares da extinta Universidade da Selva.

Até que não ficaria aborrecido se fosse verdade! O resto corre por conta da caduquice do meu querido amigo.

Gabriel Novis Neves
12/02/2010

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