quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O MEU PONTO "G"

Os jornais da cidade não têm mais tinta de tanto escreverem sobre a violência. Hoje um jornalista-historiador, desesperado, chega a puxar as orelhas do nosso mandatário maior, dizendo que ele “não está nem aí” para um dos maiores problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia, que é a violência urbana.
Diz o jornalista que ele tem uma segurança excelente e que conseguiu uma lei na Assembléia Legislativa, estendendo este benefício, ao deixar o cargo. Então ele sabe que o cidadão comum, o trabalhador que paga os impostos, está nas mãos dos bandidos e reconhece a incompetência do Estado para exercer as suas funções constitucionais. Como excelente planejador estendeu esses cuidados da sua segurança pessoal por mais oito anos, após deixar o Governo, com as despesas deste item, correndo por conta do contribuinte. Lindo exemplo.
Além da educação diferenciada que temos para os ricos e pobres, saúde para os ricos e pobres, DAS para os ricos e pobres, agora temos na lista da vergonha, segurança para os ricos e poderosos do serviço público e para os que pagam impostos. Até as pedras cangas da Igreja do Rosário sabem que o Arraial de Nosso Senhor Bom Jesus de Cuiabá é uma cidade violenta.
Difícil a família cuiabana, por nascença ou adoção, que não tenha alguém vítima da violência. Na minha, sob a mira dos revólveres já passaram irmãos, irmãs, filhos, netos, cunhadas, sobrinhos e, no meu currículo de amizade sempre alguém relata a experiência do assalto sofrido. Tenho plena certeza que o meu dia chegará. Ontem o fato só não se concretizou, porque os excelentes profissionais do crime, após várias tentativas, não encontraram, com segurança, o meu ponto G (G de Gabriel ) lugar seguro para o serviço. Safei-me desse, com a certeza da repetição de outros momentos de terror. Entreguei a alma a Deus e, de tantos traumas vividos na terra das leis não cumpridas, eles nem conseguem mais me ferir. Estou ferido. A gente só vê os uniformizados nas festas oficiais ou quando a arrecadação do tesouro baixa nos cercos do DETRAN. E, por cima de tudo, para completar o meu desespero, as autoridades da segurança dizem que a culpa é nossa.


Gabriel Novis Neves
11-02-1010

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