domingo, 7 de fevereiro de 2010

Tomar leite

Outro dia, ao sair com dois amigos para jantar, presenciei uma conversa entre eles prá lá de divertida. A minha amiga e um velho conhecido do século XXll (século vinte e dois), falavam sobre hábitos alimentares. Diante da indiferença do meu amigo com relação ao jantar, ela, que não o conhecia, perguntou-lhe se não comia. A resposta veio rápida: “quando estou com fome, sim.” E emendou: “o horário é muito variado e há certos dias que não sinto necessidade de me alimentar, mas eu como de quase tudo um pouco.” Perguntado se fazia algum tipo de dieta ou se possuía alguma restrição alimentar, ele esclareceu: “não faço dietas e a única restrição que faço é com relação ao leite.” E, enfaticamente completou: “e faço isso porque sou uma pessoa normal.”
Diante do inusitado da resposta minha amiga indagou: - “normal?” E logo pediu que lhe explicasse aquilo direito. “Veja os animais – filosofou meu amigo - o bezerro mama, mama e mama. Só se alimenta de leite. Após o desmame nunca mais toma leite. A sua alimentação agora é capim e ração. Então não tomo leite seguindo a lei da natureza, porque sou uma pessoa normal. Mamei na minha mãe até aos sete anos. Depois do desmame, nunca mais tomei leite. Não é nada de alergia ao leite, ou porque ele produz radicais livres causadores de doenças. É porque sou um ser humano normal.”
A minha amiga ouviu atentamente a explicação e falou que jamais tinha ouvido essa historia e, de certo modo, aceitou. Continuaram a conversar sobre o assunto por mais alguns minutinhos até que se desinteressaram. A conversa rolou então sobre outros assuntos, como a necessidade dos exercícios físicos. A minha amiga que pratica de Pilates a Yôga, passando por meditação transcendental, hidroginástica, academia com todos os recursos oferecidos pelos aparelhos e viciada em longas caminhadas, ficou impressionada com a barriga em tanquinho e a saúde do meu amigo sessentão e pergunta se tem o hábito de caminhar. Resposta: “caminho sim.” Minha amiga colocou em dúvida a veracidade da resposta e o homem do século XXll (século vinte e dois), esclarece que paga um japonês para que toda a manhã faça, com eficiência, uma boa caminhada em seu lugar. Minha amiga riu muito e a conversa continuou neste clima descontraído e alegre.

Jantar com filósofo é outra coisa! O seu cardápio foi cigarro à vontade, sal, limão, algumas latinhas da redondinha e muita, mas muita conversa temperada com muito bom humor.

Enquanto isso, os dois anormais da mesa enchiam a barriga com bolinhos de batata de catupiry e carne. Ele é normal!

Gabriel Novis Neves
05/02/2010

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