terça-feira, 16 de abril de 2013

Troca


Já se tornou tradicional no mês de maio a realização do Festival Internacional de Pesca Esportiva em Cáceres - cidade histórica de Mato Grosso.
Desde dezembro de 2012 a cidade é Patrimônio Cultural do Brasil e um dos 65 municípios indutores do turismo no Brasil pelo IPHAN.
Esse evento começou em 1980 e entrou para o livro dos Recordes em 1992.
É considerado o maior festival de pesca de água doce do mundo na modalidade pesque e solte.
Seus organizadores estimam a participação de trinta mil pessoas. Ocorre às margens do Rio Paraguai, entrada para o pantanal.
Este ano, por falta de dinheiro o festival foi cancelado. Seria a sua 33ª edição.
É lamentável que isso ocorra a dois meses da realização, em seis capitais brasileiras, da minicopa do mundo - a Copa das Confederações.
Seria uma oportunidade de ouro para milhares de turistas estrangeiros, que já reservaram passagem para assistir a um dos maiores eventos futebolísticos do planeta, a alternativa de também assistir e participar do maior festival de pesca esportiva de água doce.
Alegando falta de recursos financeiros para ajudar a prefeitura de Cáceres, o governo do Estado simplesmente ignorou o que representa para Mato Grosso essa festa eco-esportivo-cultural.
Lamentável que os nossos governantes não considerem o turismo como uma atividade econômica.
Muitos países europeus têm no turismo sua maior receita. É uma moderna indústria sem risco de poluição.
Brasileiros generosos distribuem suas economias passeando em países do primeiro mundo.
Aqui em Mato Grosso, a única atividade considerada econômica é a do agronegócio. Vendemos a nossa produção de alimentos aos países ricos. Isso é para equilibrar o valor que os nossos turistas deixam nas suas viagens ao exterior.
Em compensação, sem o festival, Cáceres sediará o 1º Simpósio de Segurança na Fronteira em Mato Grosso.
Evento de custo operacional razoável, que não resolverá o seu principal problema que é bloquear a entrada de drogas ilícitas em nosso Estado para distribuição nacional e mundial.
O crime organizado está tão entranhado no nosso sistema, que é quase impossível o seu extermínio.
O Estado brasileiro tem se mostrado incompetente, impotente e desinteressado nessa luta, cuja discussão é realizada em período eleitoral, de quatro em quatro anos.
Essa troca de eventos mostrou ao mundo que o nosso grande problema é a violência, criminalidade, corrupção, impunidade e os efeitos deletérios das drogas na sociedade.
Famílias são destruídas, crianças abandonadas e os direitos humanos fundamentais ignorados.
Cultura e turismo ecológico foram trocados pela exposição das nossas fraquezas e miserabilidade.

Gabriel Novis Neves
12-04-2013

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