De
uns anos para cá, na dificuldade de utilizar cadáveres humanos para as aulas
práticas de anatomia, a academia vem recorrendo ao uso de manequins.
Hoje,
grande parte do material dos laboratórios anatômicos é produzido com
impressionante perfeição pela indústria.
Com
relação às práticas com pacientes vivos nos Hospitais Universitários, os
professores realizam os procedimentos ambulatoriais, de enfermaria e no Centro
Cirúrgico sempre orientando seus alunos e depois lhes auxiliando.
Há
muito cuidado com a segurança desses pacientes, que em ato de extrema
generosidade, muitas vezes nem percebem o benefício que estão prestando à
humanidade.
Geralmente
são os pobres os mais sensíveis a esse ato de doação.
Durante
a minha longa vida profissional esse foi o cenário do meu trabalho.
Impressionava-me
o despojamento do paciente na formação de nossos futuros médicos, sempre
atentos à solidariedade na sua aprendizagem.
Recentemente
tive o privilégio de ser sondado para participar de uma aula prática para
profissionais na área de saúde. Eu seria o objeto de estudo.
Aceitei
o convite. Após duas horas de aula desta experiência primeira, sugiro a todos
que tiverem esta oportunidade de socializar conhecimento, que não se neguem a
esse chamamento.
É
indescritível a sensação vivida pelo manequim humano. Impossível não se
emocionar diante de uma classe de alunos ávidos pelo saber da cura,
entregar-lhes a sua patologia e corpo para ser transformado em terapêutica para
muitos.
Aquele
silêncio diante da descrição do professor para os problemas a serem corrigidos
e a atenção transmitida pelos olhares fixos e umedecidos dos jovens, me fez
rever muitos pontos esquecidos na relação ensino-aprendizagem.
Nasce
nesse momento o tão reclamado humanismo no atendimento aos pacientes,
especialmente aos portadores de lesões.
Deixei
o local da aula prática pensando nos benefícios que um sofrimento traz de
alívio a tanta gente.
Esqueci
completamente as penosas e dolorosas aulas de fisioterapia.
Não
há maneira mais gratificante, mesmo na doença, saber que estamos ajudando
alguém a aprender, com manobras em seu corpo, técnicas modernas de reabilitação
motora.
É
chegada a hora de passarmos do discurso para a prática, ajudando o nosso
próximo.
Só
a solidariedade poderá nos colocar em condições de seres humanos.
Gabriel Novis Neves
04-04-2013
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