Os
números são produtos altamente manipuláveis.
Eles
são conduzidos a resultados do interesse de quem os manipulam. Políticos e
marqueteiros são especialistas nessa “arte”. É uma forma elegante de mentir e
iludir os distraídos e apaixonados, sempre cegos.
Os
números não falam, existem. O proprietário deles é que lhes dão vida.
Jogados
na mídia, seus efeitos são inesperados e surpreendentes, podendo ser positivos
ou negativos.
Quando
interpretados com atenção, seus resultados são, na maioria das vezes,
devastadores.
Na
área em que mais tenho intimidades profissionais - a saúde - esses números
transformam calamidades em eficiência do poder público.
Números
relatando atendimento em um posto de saúde não significam consultas realizadas,
e sim, presença no local de pacientes, muitas vezes encaminhados a outros
setores.
Entretanto,
fica registrado que ali receberam atendimentos. E assim, os pacientes vão
percorrendo a sua Via-Sacra. Muitos voltam para casa como mais um número para
as estatísticas, mas, na verdade, não conseguiram atingir seu objetivo – a
consulta médica.
Esses
relatórios, divulgados na produtividade do mês, produzem a falsa gestão modelo,
massacrada pelas campanhas publicitárias pagas pelos contribuintes.
Outro
exemplo nessa mesma área de saúde: contrata-se médicos e divulga-se apenas o
seu número, omitindo as reais necessidades.
Esconde-se
o número de vagas existentes por motivos de desinteresse profissional, falta de
condições de trabalho, salários ridículos, politicagem e outros.
A
população que paga impostos tem a impressão que o setor foi reforçado, visando
o oferecimento de um serviço de melhor nível, quando, na verdade, apenas peças
de reposição foram feitas.
Tanto
isso é verdade que a camada social utilitária desses trabalhos, continua com os
mesmos problemas para conseguir usufruir de um direito constitucional, que é a
saúde de qualidade, dever do Estado brasileiro.
A
manipulação de números sobre os mais diversos aspectos da nossa economia é um
hábito cultural.
Faltam
com a verdade, sem sentimentos de culpa. Tudo pelo poder é válido, defendem os
pragmáticos.
Cuiabá,
neste momento de grandes obras para a Copa do Mundo, é um exemplo de como se
trabalhar com números, transformando os mais desfavoráveis em motivos de
alegria.
Sinto,
conversando com a gente humilde da minha cidade, certa preocupação com os
números otimistas que tomaram conta do mundo oficial, tão distante da realidade
do nosso trabalhador.
Se
esses números que circulam pelas publicações oficiais fossem confiáveis, não
seríamos esse povo que sofre.
Ah!
Como mudam de cores esses fantásticos números chapas brancas, para a desilusão
da nossa honesta e trabalhadora gente.
Gabriel Novis Neves
26-04-2013
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