Inúmeras
são as vezes em que, nos nossos delírios criativos, teríamos condições
palpáveis para produzir peças teatrais que, se encenadas, teriam grande
sucesso.
Durante
ao longo de nossas vidas situações surreais vão se apresentando, de tal maneira
frequentes, que até mesmo os mais incrédulos vão se emaranhando na sua
estranheza.
Vemos-nos,
não raramente, obrigados a descobrir paciência e ironia no meio de fatos e
pessoas que, em condições normais, nos levariam à exasperação e ao repúdio.
Entretanto,
como fomos mal educados no quesito tolerância - causas de tantos dissabores -
vamos sendo treinados desde muito jovens a conviver com a hipocrisia e com o
desamor, como se esses sentimentos fossem os pilares para a formação de seres
equilibrados para o convívio social.
Assim,
nos tornamos hábeis em encenar os mais glamorosos momentos, sejam eles cômicos
ou maquiavélicos ou, até mesmo, trágicos, através do nosso Shakespeare de
plantão.
Sempre
que nos sentimos cercados por caminhos aparentemente de difíceis saídas,
apelamos para o nosso lado irônico e começamos a debochar de nós mesmos, aliás,
uma grande válvula de escape.
Percebemos,
como senhores de nós mesmos, que permitimos, por alguma razão - talvez de
carência - que outras pessoas tomem as rédeas de nossos destinos.
Sim,
porque ninguém nos impõe nada, nós simplesmente deixamos acontecer. Somos
permissivos.
A
encenação da eficiência dos nossos governantes é um ato de violência a todos os
brasileiros encefálicos, especialmente àqueles que lutaram pelo bem estar da
coletividade.
Os
estudiosos são os que mais sofrem nesses momentos em que o Estado procura
tutelá-los ou, como se faz aqui em Mato Grosso, amontoá-los nos currais.
Essa
apostila do programa ‘Qualifica Mato Grosso’, destinada a “instruir”
motoristas, garçons e outros trabalhadores para a Copa do Mundo, é imoral e
inaceitável, a não ser em palco de circo.
Foi
a maior encenação de ensinar deste início de ano no nosso Estado.
Gabriel Novis Neves
18-04-2013
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