terça-feira, 2 de abril de 2013

SUS, não


São alarmantes os dados revelados pela Demografia Médica no Brasil 2013 publicados no jornal do Conselho Federal de Medicina nº 217 de fevereiro.
O total de médicos cresceu seis vezes mais que a nossa população em termos percentuais nessas últimas cinco décadas.
O país nunca teve tantos médicos em atividade como agora. Entretanto, faltam médicos no SUS, sobretudo para a assistência oferecida às populações mais pobres do país. As regiões mais atingidas são a norte e a nordeste.
As informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) identificaram 388.015 médicos registrados nos Conselhos Regionais de Medicina.
A população atendida pelo setor privado conta, proporcionalmente, com, pelo menos, quatro vezes mais médicos que o setor público.
Estudando o documento Demografia Médica no Brasil ficamos também surpreendidos com a baixa taxa de médicos que atendem pacientes do SUS.
Isso ocorre porque há um descrédito e desânimo da categoria, que passa a evitar o SUS e se abriga na esfera privada, com sérios prejuízos para a população, afirma o Presidente do Conselho Federal de Medicina, que conclui dizendo que o projeto do SUS, como está sendo conduzido, corre risco de ser extinto.
Outro fato preocupante é que nas cidades de maior porte, especialmente as capitais, se concentra a maioria dos médicos brasileiros.
Isso demonstra o erro do governo federal, que continua abrindo escolas médicas quando o problema do Brasil é a falta de políticas públicas para fixar o médico nas regiões mais carentes.
Uma das formas de se corrigir essa desigualdade social inaceitável seria, repito, a implementação de políticas públicas que valorizem a assistência e o trabalho médico.
Tem que se pensar na construção de uma carreira federal para os médicos na atenção básica.
E imaginar que o governo anterior aconselhou o presidente dos EUA a implantar o SUS naquele país por ser um modelo ideal de atendimento médico!
Enquanto isso, os responsáveis por essa tragédia continuam dando exclusividade aos hospitais de São Paulo quando precisam de socorro médico.
Esperamos que os técnicos do governo aproveitem este trabalho do Conselho Federal de Medicina e corrijam os equívocos cometidos recentemente com a criação em massa de escolas médicas, quando o rumo é oferecer assistência de qualidade aos cidadãos.
Não há falta de médicos no Brasil, e sim, desigualdade na sua distribuição.

Gabriel Novis Neves
29-03-2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.