domingo, 3 de abril de 2011

POR AQUI

Queiram ou não, a emissora do “Plim-Plim” tem um dos melhores programadores de vinhetas do mundo. Sou admirador do seu trabalho artístico, que é belo. Esse europeu-brasileiro, que adora mulatas - especialmente aquelas produzidas para o carnaval com efeitos especiais -, é genial na arte gráfica.

O seu trabalho me faz lembrar muito o do pioneiro Wlademir Dias Pino. Quando Wlademir aceitou o nosso convite para ser o primeiro programador visual da nossa Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sabíamos o que estávamos fazendo. Dentre os inúmeros trabalhos realizados pelo nosso artista-funcionário, destaco a logomarca da UFMT – para mim, a sua obra-prima.

A logomarca da UFMT é de uma beleza tocante, tanto no visual quanto no seu significado. Uma pequena pedra lançada no meio de um lago! Com essa imagem o artista quis retratar o significado da universidade na vida dos seus alunos. As ondas criadas pelo impacto do elemento sólido lançado na sua superfície traduzem a aquisição de novos conhecimentos. A pedra nas profundidades do lago, a profundidade dos conhecimentos.

A logomarca da emissora de televisão foi criada posteriormente, mas a semelhança é gritante.

Não estou afirmando que alguém copiou de alguém um trabalho artístico, apenas afirmei a semelhança na criação das logomarcas - de destinos tão diferenciados.

A UFMT mostrava visualmente que, sem conhecimento e profundidade de saber, nunca chegaremos ao país desejado por todos nós. A do Plim-Plim era sinônimo de audiência. O próprio Wlademir já conversou comigo sobre esse assunto.

“A gente se vê por aqui” é o clássico slogan da emissora, seguida da sonoridade - plim-plim - anunciando um novo programa.

Na nossa vida, não raro uma conversa termina com um: “A gente se vê...” Substituímos o “por aqui” “por lá.” É aí que mora o perigo. A probabilidade de que a frase seja uma mera cortesia é altíssima.

Ainda bem que a frase é dita sempre nas despedidas entre os adultos – falamos de forma mecanizada. Nunca é levada em consideração e logo será esquecida. E a gente não se vê, às vezes, nunca mais.

Há meio século Thiago de Melo lembrou-se dessa hipocrisia social em um dos seus 10 Mandamentos do Estatuto do Homem. Nele, Thiago sonhava em um dia encontrar um adulto que confiasse em outro, assim como uma criança confia em outra criança.

A logomarca da nossa universidade é linda e tem histórias não contadas. “A gente continua a se ver por aqui.”

Gabriel Novis Neves

25-01-2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.