sexta-feira, 25 de março de 2011

O crime compensa

Todos os indicadores oficiais da nossa realidade - socioeconômicos, políticos e culturais - me induzem a acreditar que o crime, aqui, compensa.

Esta conclusão não é leviana, tampouco afoita.

Diariamente a mídia publica crimes - os mais variados possíveis, imagináveis e inimagináveis. Desde o já esperado e institucionalizado sumiço do dinheiro público aos crimes contra a vida, a moral e a dignidade humana.

Ficam debitados na contabilidade irresponsável e comodista daqueles que, passivamente, os aceitam como “coisas que sempre existiram”.

Esse é o ânimo de numerosos brasileiros que desistiram de lutar para mudar. Parecem sofrer de paralisia ética com tantas frustrações sofridas. A decepção os deixa sem ação! Decepcionados com tanta coisa errada que vêem, enquanto os responsáveis pelos crimes continuam protegidos pela impunidade dominante neste país.

Exemplos existem aos montões. Vou relembrar um pequeno crime.

A maior fraudadora do INSS fugiu do Brasil. Foi recambiada após alguns anos, passou uma temporada no xilindró e, atualmente, segundo denúncias dos jornais, é alta funcionária pública no Rio de Janeiro.

É um pequeno exemplo de que o crime compensa no Brasil. Há livros sobre esse assunto.

Se os pequenos e micro empresários não conseguirem fechar suas contas, o caminho é a falência.

Um grande produtor rural, ou um banqueiro, se tiver um problema idêntico, o governo vem em seu socorro.

Pelo menos o governo deveria respeitar um dos itens do casamento. Aquele em que o padre lembra que o casal deverá permanecerá unido, na alegria e na dor, seja rico ou pobre.

Um bandido sem proteção política foge do seu país e a Interpol, comunicada, consegue o seu retorno.

Outro, condenado pela justiça de um país democrático, fugitivo, vem para o Brasil, a terra onde o crime compensa, e não é devolvido.

Triste, mas é a nossa realidade.

Gabriel Novis Neves

05-02-2011

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