segunda-feira, 31 de maio de 2010

LINHA DURA

Um coronel, após sete anos como assessor direto do governador, assumiu agora o comando de uma secretaria ultra- estratégica para o desenvolvimento sustentável do estado. Jovem, no posto mais alto da hierarquia da polícia militar, adotou “o estilo linha dura à frente da pasta.” Ele criou uma comissão permanente para apurar a conduta funcional dos servidores.

Esta matéria li nos jornais e fiquei imaginando qual seria a motivação para tal conduta. Por se tratar de um Secretário que conhece o mundo, e fala o inglês, imagino que já viu e conhece o sucesso desse modelo de linha dura, agora implantada na antiga secretaria do passarinho, agora de Meio Ambiente. Nada a ver com os recentes acontecimentos divulgados pela imprensa com relação à compra de caminhões e equipamentos pelo programa “MT 100% Equipado.” Na época desses acontecimentos ele tinha o auxílio de outro colega militar, e não detectaram nenhum ato desabonador com relação à conduta dos servidores, responsáveis pela monstruosa aquisição de milhões de reais.

Fico imaginando o ambiente taciturno na Secretaria do Meio Ambiente ante a linha dura anunciada. Para começar uma Alvorada - uma hora antes das atividades burocráticas. Uso de uniformes, com crachás de identificação - com o grupo sanguíneo e fator Rh. Boinas verdes, coturnos, mochila, cantil, formação militar para adentrar a repartição - depois de passar por uma porta especial para detecção de qualquer material suspeito. Esse trajeto até os seus locais de trabalho é realizado com os servidores cantando hinos militares. Durante o expediente é expressamente proibido sair do seu lugar de trabalho sem um BO fornecendo e justificando todos os detalhes da operação deslocamento. A ida ao banheiro tem que ser comunicada ao superior imediato, para autorização e a designação de um ou uma agente de fiscalização, para acompanhamento.

Como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, a linha dura implantada é só para apurar a conduta funcional dos servidores dos escalões mais baixos. Esta delicada operação que visa proteger o Estado contra assaltos aos cofres públicos coloca sob suspeita todos os servidores da secretaria. Acontece que esses assaltos noticiados diariamente pela televisão, e classificadas como bandalheiras, não passam pelos humildes servidores. Geralmente são acertadas pelos maiorais, longe do local de trabalho. Para que humilhar os pequenos? Os seus salários mal cobrem as suas necessidades básicas, muito menos possuem empresas para fornecer material ou serviços ao estado, e não participam de pregões.

Acho um total descontrole emocional, para não dizer sórdida, esta atitude de fiscalização em cima de servidores dos escalões mais baixos. Enquanto isto os crimes cometidos pelos escalões mais altos do governo são ignorados, ou não fiscalizados.

Chego a acreditar, que “Deus deve amar os homens medíocres. Fez muito deles.”

Gabriel Novis Neves
01/05/2010

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