terça-feira, 18 de maio de 2010

AUTO-AJUDA

Não sinto a menor motivação para a leitura de livros de auto-ajuda. Também não me interessa aprender técnicas para me abrir para o mundo, ou saber por que os homens amam as mulheres poderosas. Falar com os espíritos não é minha vocação, muito menos desvendar os segredos da linguagem corporal. Aos 75 anos vou querer respostas que vão mudar a minha vida, que já foi toda mudada?

Ah! Vou aprender com o meu xará e amigo Chalita, a escrever cartas para os meus amigos, que jamais me pediram uma carta? Considero essa literatura uma blindagem para os sérios problemas do nosso dia a dia. Os fãs dessas leituras procuram um ópio para as suas desventuras em momentos de dificuldades. Os pobres praticam diariamente a própria ajuda, para vencer apenas o dia presente. Não tem sequer o direito de pensar no futuro.

Imagine o meu estado de ânimo para suportar 24 horas por dia o auto-elogio! Não sei se entramos na estação do auto-elogio ou se essa estação já faz parte dos hábitos novos da cidade. Em todo lugar existem pessoas que perderam o freio do ridículo, e passam horas falando dos seus feitos, que na maioria das vezes, só eles enxergam. Nestes momentos, sinto saudades do Fernando Pessoa, que cedo nos deixou por vontade própria, a procura de seres humanos. Aqueles que erram, sofrem por amor e pelo sofrimento humano.

Assisti a fala de um Deus, o infalível, o certo o correto, o honesto. O homem que terceirizou os erros, e vive hoje em paz com a sua consciência. O porta estandarte dos detentores da moral ilibada. Nada contra essas virtudes que admiro, e procuro pagar os meus pecados para ser aceito no Reino dos Céus. O que peço aos do auto-elogio, é moderação, pois essa praga pega e não temos vacina. Bastam as pandemias dos mosquitinhos e as insanidades dos nossos governantes. Ser filho de Deus deixou de ser um privilégio. Existem tantos falsos na cidade, que só com o DNA para esclarecer. Tanto a auto-ajuda como o auto-elogio é uma grande ilusão, em que “acreditamos que somos o que pensamos ser”.

Gabriel Novis Neves
07/05/2010

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