domingo, 30 de maio de 2010

Cães bravos

Os andarilhos da cidade verde sabem muito bem dos inúmeros riscos que esta cidade oferece. Antes do nascer do sol os mosquitinhos da dengue ainda estão passeando pela cidade à procura de vítimas para aumentar as estatísticas da doença - totalmente erradicada nos países do primeiro mundo. Bala perdida, ou direcionada de brincadeira em cima dos transeuntes só para treinamento básico. Assaltos armados, ou não, para roubar tênis, bonés, cordões de ouro e dinheiro. Seqüestro relâmpago para honrar uma dívida com o fornecedor de drogas. Atropelamentos na calçada por um carro desgovernado – geralmente o motorista é menor ou está bêbado. Todos esses fatos são desprezíveis, mas acontecem.

Entretanto, existe outro grande perigo que ronda o andarilho atualmente: são os cães bravos. Eles são uma verdadeira ameaça para o transeunte, que volta e meia se vê frente a várias situações: a primeira é quando o dono leva o seu cão para a rua para que ele possa fazer as suas necessidades fisiológicas e o deixa solto sem coleira, confiando no treinamento do cachorro para obedecer às palavras de comando que, na maioria das vezes, se mostram ineficazes. A segunda situação é quando o dono conduz a fera com uma coleira tão frágil que não suporta um safanão do bicho – ele avança para cima do caminhante arrastando o dono consigo, quando não rompe a frágil coleira. A terceira situação então é a pior, pois pega o andarilho desprevenido. Já repararam naquelas casas que possuem coleções de cães bravos e placa no muro anunciando as suas presenças com o “Cuidado! Animal Bravo”? Repararam também que essas casas não possuem muros e sim grades? Pois bem. Muitas vezes essas grades de ferro são tão espaçosas que o melhor amigo do homem com facilidade foge por ali, colocando em risco a vida dos pedestres. E vocês já toparam com aquele cãozinho pequenininho, qual um ratinho, que adora morder o nosso calcanhar, latindo todo esganiçado? Ele é terrível, apesar de não oferecer muito perigo, mas são insuportáveis de chatos. E quando o zeloso pai abre o portão da garagem para levar os filhos na escola e o cão escapa? Esta é de doer!

O pior é que certos donos mostram indignação quando apresentamos qualquer sinal de medo. Somos repreendidos, muitas vezes até com extrema virulência. Temos que fingir naturalidade quando cruzamos com os perigos que esses cães ferozes nos oferecem. Certo dia ao ver se aproximando de mim um desses cães sem a devida, e obrigatória coleira e focinheira, atravessei a rua para evitar o confronto. Não deu outra. Escutei um desaforado comentário: “O senhor, colocou tudo a perder. O meu cão está em tratamento analítico e com essa sua atitude, provavelmente ficará mais agressivo.” Cara emburrada é o DNA dos condutores dos cães, para os que estão cuidando da sua integridade física. A calçada que é, a princípio, do pedestre, poderia também ser compartilhada com os cães, mas com o cumprimento da lei para esses casos: coleira e focinheira.

Faço um apelo a quem de direito: que zele pela segurança física dos andarilhos das vias públicas. E que tal a construção de uma arena multiuso para os cães bravos? Embora saiba que terrível é não ter nada que esperar, mesmo assim espero ser atendido.

Gabriel Novis Neves
02/05/2010

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