quinta-feira, 13 de maio de 2010

Se for verdade...

Durante o percurso entre minha casa e o hospital que trabalho, ouvi pelo rádio uma entrevista do José Serra no programa de notícias do jornalista Heródoto Barbeiro. Se o que o candidato afirmou for para valer, começo a acreditar em mudanças. É o que todo brasileiro independente deseja. Nada de continuidade, que não é credencial para melhores dias. Todos os “menos ruins” governos que tivemos, surgiram da quebra da continuidade.

Exemplos que continuidade conduz ao atraso é o Maranhão que, em cinqüenta anos de continuidade, possui o pior Índice de Desenvolvimento Humano, e a nossa próspera Cuba. Serra conhece a descrença do brasileiro com relação aos nossos políticos. Promessas de campanha jamais foram cumpridas e até hoje não entendemos porque os candidatos confeccionam os seus mirabolantes planos de governo. O eleitor aprendeu a interpretar esses planos. Quando o candidato diz que não vai fazer aquilo que o seu antecessor está realizando, entenda-se que vai continuar tudo da mesma maneira. A maior parte dos compromissos assumidos fica mesmo só no papel.

Ao falar do seu plano de governo, Serra trouxe o documento assinado por avalistas. O povo brasileiro deseja um governante que não vá lotear os cargos públicos, especialmente os mais estratégicos para o nosso desenvolvimento. É contra o aparelhamento da máquina governamental pelo partido do governo. Defende a qualificação dos seus auxiliares. Serra na sua fala lembrou-se da sua passagem pelo Ministério da Saúde, quando os ocupantes dos cargos mais importantes, não eram do seu partido, porém pessoas competentes. O mesmo fez como Prefeito e Governador de São Paulo. Afirmou que nunca negociou cargos de chefia com senadores, deputados ou vereadores, e quando os recebia em seu gabinete estimulava-os a apresentarem emendas parlamentares.

Este é o modelo de governo que sempre achei o mais indicado. No atual, todos os funcionários DAS tem donos. São indicados pelos partidos de sustentação do governo. Quanto mais ampla a base, mais heterogênea e ineficiente é a máquina governamental. Ainda temos indicações de partidos personalizados. Vou citar alguns: temos o partido do Sarney, o partido do Collor, o partido do Aécio, o partido do Roberto Jeferson, o partido do Roberto Freire, o partido da Heloisa Helena, o partido da Marina, e uns partidinhos regionais sem expressão nacional. Desconfiava que o Brasil não estivesse bem na nossa equivocada política externa de veneração aos ditadores e tiranos. Serra disse que vamos muito mal, especialmente com relação ao MERCOSUL, que classificou de reuniões festivas e improdutivas. Todo mundo vai, fala o que quer e após o almoço com muito vinho, aquela foto do grupo abraçado e sorrisos compreensíveis. O Brasil se ofereceu para pacificar o conflito secular entre árabes e judeus, para surpresa mundial.

Chego ao hospital, desligo o rádio e vou trabalhar. No trajeto do estacionamento ao consultório, reflito sobre a fala do Serra e chego à conclusão que é o candidato mais equilibrado emocionalmente, mais preparado, e pronto para pilotar este imenso e diferenciado país. Esta foi a impressão deixada pelo candidato. Se for verdade, tomara que eu tenha acertado no diagnóstico feito à distância.

Gabriel Novis Neves
10/05/2010

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