domingo, 23 de maio de 2010

Balança

Nos dias atuais, quando quero ter a sensação de que ganhei alguma coisa, subo na balança para me pesar. Sempre ganho uns quilinhos. Como de grão em grão a galinha enche o papo, estou nesse caminho. Já começa a me preocupar esta situação, que predispõe ao agravamento de doenças crônicas que a vida longa nos cobra.

Faço tudo o que é recomendado para preservar a saúde. Não que eu goste de tudo o que faço, mas faço. Caminho diariamente e freqüento academia de ginástica três vezes por semana. Tenho cuidados com a alimentação, não freqüento badalações - onde se come e bebe-se muito - e durmo e acordo cedo. Apenas no Clube do Sábado abro uma exceção e faço companhia aos associados matando a sede com inocentes latinhas da redondinha.

Mas estou assustado, não por vaidade, e sim por saber dos riscos da minha circunferência abdominal. Para mim esta morfologia é novidade. Talvez por falta de hábito em conviver com tanta banha, esteja assim tão preocupado. Com 1.85m de altura pesava 60k. Agora cheguei aos 100! Houve uma época em que a minha magreza me preocupava tanto que acordava de madrugada para comer doces, mesmo sem fome só para cobrir o gradil costal. Na praia não tirava a camiseta, para ninguém pensar que estava diante de um jovem tuberculoso. A minha magreza era tanta, que o meu umbigo parecia colado a uma vértebra lombar.

Este ano já fiz os meus exames preventivos, e só recebo elogios. Coração ainda agüenta tranco, pulmões têm oxigênio para exportação, o pâncreas está controlando o açúcar. Os exames bioquímicos são de dar invejam, dizem. De todos ouço a mesma orientação - cuidado com o peso. Estou pensando em ir a uma determinada Igreja, que além de curar na hora, ressuscita morto. Estou até disposto a fazer uma simpatia que me ensinaram: comprar uma toalhinha e passar três dias na minha barriga, e eliminar 30k! Acho que a minha barriga é obra do satanás, e a toalhinha terá o poder de expulsá-lo. Depois irei à Igreja para receber a benção, com a rosa branca da saúde, e responder pela televisão as perguntas e respostas combinadas. Quando a Medicina não dá jeito, a Igreja resolve.

Ainda há gente que acredita que o idoso está na melhor idade! O melhor do idoso é que ele sente alegria em brincar com as suas fraquezas, e muita gente aproveita para ver a vida por esse ângulo.

Gabriel Novis Neves
11/05/2010

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