domingo, 23 de maio de 2010

SOMBRINHA

É como chamamos o guarda-sol ou guarda-chuva pequeno. Tenho uma sombrinha, ou melhor, um guarda chuva pequeno guardado no meu carro. Nos dias de chuva me protege daquela chuvinha chata – que na minha idade é um perigo - no percurso entre o estacionamento e o hospital. Quando a chuva é de vento, o nosso instinto é colocar o guarda-chuva pra proteger o nosso corpo. Não raro as hastes de sustentação da sua cobertura ficam envergadas. Ao alcançar um lugar seguro e seco, com simples manobra conseguimos reverter a brincadeira do vento.

Caminhando na calçada do antigo 16º BC, quase chegando ao ponto de ônibus ali existente, deparo-me com uma sombrinha abandonada, nem aberta nem fechada, em perfeito estado de uso, jogada em um canto da calçada. Em uma cidade que, nos últimos anos ficou conhecida pelos assaltos, roubos, violência, ausência de policiamento, aquela sombrinha abandonada e em bom estado de conservação, me levou a pensar. De imediato considerei um fenômeno estranho, de difícil explicação. Se a sombrinha estivesse fechada, a investigação seria mais fácil. Alguém a esquecera esperando o ônibus, ou fora usada como arma de alcance médio contra algum agressor. O diabo é que ela não estava fechada. Porque ninguém se aventurou a levá-la para casa? Alguma lenda que desconheço? Sinal de má-sorte? Quando encontramos nas caminhadas uma moedinha de dez centavos, esquecemos as nossas hérnias de disco e nos agachamos, mesmo sentindo dores, para capturá-la e logo colocá-la no bolso. Esta ação significa sorte. E a sombrinha? Por que foi recusada por todos que por ali passavam? São os mistérios que existem entre o céu e a terra. Incompreensíveis para mim, mas de um imenso simbolismo, que nos ensina que nem sempre o útil é desejável, e por isso merece o nosso abandono.

Gabriel Novis Neves
03/04/2010

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