sábado, 15 de maio de 2010

UFMT - 40 anos

UFMT CHEGA AOS 40 ANOS
ENTREVISTA: GABRIEL NOVIS NEVES
POR KEKA WERNECK

Como o senhor ingressou e quando aposentou na UFMT?
-
Não ingressei na UFMT, ela que ingressou em mim. Em 1966, eu era professor de Medicina Legal da Faculdade Federal de Direito. E, por tempo de serviço, fui para a inatividade em 1995. Mas ainda trabalho como médico.

O que tinha no local onde hoje funciona o campus de Cuiabá da UFMT?
- A chácara do Dr. Melo.

Quando e como começaram as conversas sobre a necessidade de fundar uma Universidade Federal em Mato Grosso?
- Em 1808, em Vila Bela da Santíssima Trindade.

A sociedade mato-grossense foi para as ruas cobrar a criação da UFMT?
- A sociedade tinha receios. Os pobres sim.

Qual era a idéia central sobre o modelo desta instituição?
- Respeito ao meio ambiente. Pesquisar para ensinar. Ser uma cada de cultura e pólo de desenvolvimento para o Estado de Mato Grosso.

O projeto se consolidou? Ou mudou de caráter?
- Em parte sim. Com 12 anos de propostas arrojadas, implantamos o Campus de Cuiabá, que até hoje é uma cidade moderna. Iniciamos também e deixamos funcionando os Campi de Rondonópolis e Pontal do Araguaia. Com os anos perdemos as nossas principais características.

Na época da ditadura, como era a intervenção do governo na UFMT? O senhor se lembra de algum fato que simboliza a censura na Universidade?
- Aqui não houve ditadura, e o governo federal nunca interferiu na UFMT. Concedemos anistia para dois professores de Direito, punidos em 1964, seis anos antes da criação da UFMT, antes da anistia concedida pelo Governo Federal. Único professor cassado da UFMT fui eu – o Reitor. Era uma imposição das forças políticas locais. Consegui a revisão do ato.

A Universidade é hoje um espaço democrático?
- Estou totalmente afastado da nossa UFMT. Sei que, como outras Universidades Públicas, perdeu totalmente a sua autonomia. Essa castração leva a esterilidade da criatividade e do pensamento democrático.

Qual a importância da UFMT para a sociedade mato-grossense?
- É o “Arrimo” da sociedade mato-grossense.

O tripé ensino, pesquisa e extensão funcionam?
- O tripé não existe mais. Ficamos só com um pé: ensino.

40 anos depois de fundada, quais os paradigmas que a UFMT deve perseguir?
- Tentar recuperar a UTOPIA da sua origem.

* Entrevista publicada no Jornal da ADUFMAT – Abril 2010

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