quarta-feira, 19 de maio de 2010

Agora são as marmitas

Aquisição suspeita de máquinas; compra de ônibus para alunos especiais sob investigação; problemas incontáveis na aquisição de viaturas; revisão de certos contratos duvidosos nas secretarias; mega concurso fiasco e agora, a situação difícil com as marmitas.

O governo findo quis se distinguir pela ausência de escândalos. Quando porventura surgia alguma fumacinha, logo o fogo era apagado exemplarmente - com a punição dos incendiários. Sou testemunha do cuidado do ex-governador em fazer as coisas de maneira republicana. Antes de assumir o governo, reuniu o secretariado e profeticamente fez um apelo: - “tenham o máximo cuidado em suas pastas, pois não quero deixar o governo, e passar o resto da minha vida sendo chamado para prestar esclarecimentos sobre falhas administrativas.”

O governador sempre agiu corretamente, mas para governar montou uma base de sustentação tão ampla, que não teve oposição. A fatura dessa decisão política está chegando agora, com juros e correção monetária. Com apenas um mês de afastamento do governo, já pipocaram incontáveis escândalos que, infelizmente, tem um responsável: o chefe do governo.

Homem religioso, o nosso ex acusou o golpe da traição. Lembre-se governador! Sofrer uma injustiça é menos doloroso do que praticá-la. A tristeza nesses casos é a nossa única companheira, após anos de trabalho dedicado ao desenvolvimento do estado. Apesar de bem avaliado pela população, de uma hora para outra se viu na vala comum daqueles que deixam um cargo público. Até parece que os seus “amigos” o traiam durante o dia, e à noite escondiam a sujeira para debaixo dos tapetes do Palácio. A blindagem em volta do chefe do poder é eficiente, ainda mais quando comandada por profissionais especializados. Mas, não somos infalíveis e sempre cometemos erros, mesmo quando queremos acertar.

Na política, assim como na Medicina, para chegarmos a um diagnóstico preciso, temos que interpretar sinais e sintomas. Um dos sinais mais graves acenados durante governo, com fortes sintomas de falta de ética, foi o loteamento dos cargos públicos, com ocupantes geralmente sem a necessária qualificação para o cargo. E o pior - estes funcionários, estrategicamente colocados na administração, davam satisfações de seus atos somente aos seus donos, e não demonstravam o mínimo compromisso com o governo. Este é um sinal gravíssimo de dor de cabeça!

Pedro Simon anunciou a sua aposentadoria da vida pública. Desmotivação e desencanto com a classe política. Quem ficará “ad-eternum”: Sarney, Collor, Jader, Renan, Dirceu e outros monstros sagrados deste “jeito diferente de governar.” Nossa Senadora já recebeu o cartão vermelho pelos anos de dedicação a um então pequeno partido vermelho. Sem a mínima consideração, ou uma carta de agradecimento, foi literalmente expulsa por boa conduta. Pode?

Leio nos jornais: “três mil refeições sem destino”. Por que não avisaram o governador? Por que esperaram a sua saída do governo para o escândalo vir à tona? O responsável por essa ação foi designado pelo governador, mas ele tinha dono. Quem paga o desgaste? Quem saiu. Enquanto isso, empresários que não aceitaram as regras de vencedores antes dos pregões, e enfrentaram o desafio, trabalharam corretamente, e ao se recusarem a pagar o tal do custo político - que o governador nem sabe da sua existência - não recebem o que lhe é devido.

Enfim, quem escolhe os nossos governantes somos nós, e na “política é difícil distinguir os homens capazes dos homens capazes de tudo.”

Gabriel Novis Neves
13/05/2010

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