terça-feira, 25 de maio de 2010

POLÍTICA

Só é suportável aos freqüentadores das seitas que pregam o venham a nós os vossos reino$, ou para aqueles que praticam o aqui se faz, aqui se paga. Todo ser humano passa longe da política, a não ser esses devotos. É lamentável essa colocação radical, pois no balaio da política também existem os bons. Na memória popular, entretanto, a imagem é essa.

Muitos entram e saem da política levando mágoas e ingratidões. O pior é que, com a descrença dos bons, ficamos nas mãos dos incapazes. E quem decide o futuro de um país não são as filhas de Maria, nem os membros da Congregação Mariana. São os políticos: aqueles das ambulâncias, dos caminhões, dos tratores, do dinheiro na cueca, dos pregões viciados, das obras inoportunas, das marmitas, da farra na Dinamarca, do mensalão, mensalinho, dos paraísos fiscais e outras brincadeiras com o nosso dinheiro.

A descrença de um modo geral é tão grande nos nossos políticos que aquele que não possuir uma fábrica de dinheiro, não se elege. Lembro-me da grana em espécie que correu aqui em Cuiabá, nas eleições de 1950! Não sei nem porque me contaram este fato. Mas, o que sei é que certo candidato a Deputado Federal ficava hospedado em minha casa e os seus “fãs” iam visitá-lo atrás do pacote milagroso... De lá para cá o modelo foi sendo aperfeiçoado, e nesta época pré-eleitoral os cabos eleitorais estão super valorizados. Dou toda razão aos desempregados e sem votos, por tentarem arrumar um dinheirinho até a próxima eleição. Para provar que você é líder as exigências são mínimas. Basta mostrar uma carteirinha: de fiel de uma igreja, de uma associação qualquer, de filiação em um micro partido. Como esse pessoal tem votos!

Estamos praticando a política de 1950, para pior. Pelo menos aquele pessoal não era arrogante e prepotente. Eram homens ricos e de bem, que compravam votos atrás de um título, muitas vezes para esconder o que na época era vergonha: a falta de estudo. Com que tristeza eu ouço o nosso Prêmio da Paz, dizer que nunca estudou nem trabalhou, e hoje manda nos homens que perderam o seu tempo estudando. Conheci por aqui o caminhoneiro sortudo, chefe de invasões de terras que virou empresário, o empresário que comprou a nossa bancada federal e estadual. Ainda há pouco éramos comandados por um Comendador. Nesse quesito da nobreza melhoramos o nosso padrão. E o discurso arrogante é de transparência e ética! Tudo farinha do mesmo saco.

O que fazer diante desta triste realidade? Estamos discutindo o futuro dos nossos filhos e netos, e é só bate-boca, xingamento e desculpa que nos oferecem como plano de governo. “Ela é terrorista e você é seqüestrador”, disse a Martha Suplicy para o Gabeira. “Ninguém sabe de nada” é o nosso hino nacional. Quando sai na mídia, o que todo mundo sabe, entra em cena o grande espetáculo que não tem público para a peça: Desculpas! A desculpa para justificar o injustificável. Aqui se faz aqui se paga é a maldição implacável que recebem os agressores. Ficam zangados, justificam, mas essa praga não desbota nem com ameaças. Chegou o momento dos candidatos provarem do seu próprio veneno. Como a política é insuportável até para os seus próprios atletas. E o jogo nem começou ainda!

Gabriel Novis Neves
17/05/2010

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