domingo, 7 de março de 2010

A BENGALA

Viver sem emoções? Nem pensar! As emoções são tão importantes para a minha vida que não me imagino fazendo nada sem que elas sejam as grandes motivadoras.

Fui ao aeroporto pegar meu irmão que mora comigo e que passou as férias na casa da sua filha no Rio de Janeiro. O vôo chegava à noite, e os relatos dos últimos dias não eram nada favoráveis à pontualidade dos horários. Ninguém estranhe se eu dou a entender que buscar alguém no aeroporto é um problema. Mas não é que para mim se tornou um problema? É que sou portador de duas hérnias de disco na coluna lombo-sacro - e com a minha idade fico muito limitado nos exercícios do tipo “abaixa-levanta” carregando pesos – e o meu irmão é um cadeirante. Sentiram o drama? Solicitei o apoio de um motorista para me ajudar. Ele ficou encarregado das malas, enquanto eu fiquei encarregado de transportar meu irmão na cadeira de rodas – com sua inseparável bengala que ele carrega sempre no colo quando está na cadeira. Abro aqui um parêntese para explicar que não era qualquer bengala, mas sim a bengala que pertenceu ao nosso pai.

O meu ajudante, com dificuldade, coloca o meu irmão no banco do carona, as malas no porta malas e provisoriamente deixou a bengala dentro de um cone do DETRAN. Encaixe perfeito! Não posso esquecer-me de comprar um cone para utilização doméstica! Até então não via utilidade naqueles cones, a não ser para reservar lugares para autoridades estacionarem os seus veículos em locais privilegiados.

Retorno ao salão de desembarque para devolver a cadeira de rodas. Saio depois apressado em direção ao carro e embarco no banco de passageiros. Ao chegar em casa noto a ausência da bengala. Puxa viva, pensei! Meu irmão não caminha sem a bengala, e ela é de estimação! Lembrei-me do cone. O motorista volta ao aeroporto. Depois de grande expectativa e ansiedade o motorista retorna com a bengala. Só então dei por terminada a minha missão de “resgatar” meu irmão e a bengala no aeroporto.

Gabriel Novis Neves
15/02/2010

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