sexta-feira, 26 de março de 2010

VIAGENS

Este ano de 2.010 promete em termos de dias úteis de trabalho. Na metade de Fevereiro trombamos com o grande feriadão do Carnaval, que teve o seu início logo após as festas de Dezembro. Começamos o mês de Março com as festas de despedidas do nosso governador e prefeito. Estou escrevendo e olhando a folhinha, ou como dizem os eruditos, o calendário. Emendando com as despedidas - ou abandono dos nossos governantes dos seus cargos - temos a Semana Santa encostando com os festejos de aniversário de Cuiabá. Depois é mais festa: campanha eleitoral, Copa da África, segundo turno das eleições e pronto, acabou o ano. Como diz um sábio ex-governador chegamos à ponta do ipslone: ”Quem bejô, bejô, quem não bejô não beja mais.” O caixão do poder será fechado.

Com toda essa folga, as agências de turismo estão nos bombardeando com ofertas de excursões. Como as crianças estão em período escolar, inventaram programas que merecem citação. Disneylândia para o pessoal da melhor idade! Outra? Excursão de gays para os países asiáticos. Tem mais: viagem de navio pelo Caribe, ouvindo música caribenha! O cardápio é longo e atraente, para quem gosta.

Viajar é cultura dizem os folders. Mas discordo em alguns pontos dos apelos dos marqueteiros das agências de venda de passagens. Sempre defendi a tese da cultura universal, partindo da regional. Há tanto o que estudar e compreender por aqui, que acho um desperdício de tempo e dinheiro, contemplar as ruínas romanas ou o que sobrou do Império Otomano. Como querer entender a civilização nórdica, se não conseguimos entender nem a civilização tupiniquim? Por aqui ainda estamos na fase de brigar, através de caríssimos outdoors, sobre a paternidade de uma avenida. Fácil transitar nas excelentes estradas e avenidas alemãs cujas únicas placas existentes são as de sinalização. Lá todos sabem que governo não tem dinheiro, e sim o povo que paga impostos e tem bem visível e bem aplicado o seu dinheiro. Por aqui também pagamos impostos – exorbitantes por sinal. Eu por exemplo trabalho quatro meses e meio por ano para ajudar a encher a burra do governo. Ao inaugurar qualquer obrinha aparecem nomes numa verdadeira briga de vaidade entre os poderes, dizendo inclusive quanto utilizaram do meu dinheiro sem me consultar, e o pior apropriando-se indevidamente daquilo que é nosso.

Recebi um convite luxuoso da Prefeitura para a inauguração de uma avenida. Hoje a cidade amanheceu empetecada de outdoors do Governo do Estado dizendo que doou 10 milhões para a obra, então ela é sua. Santa paciência! 10 milhões de reais foi o que pagamos dos nossos bolsos para a correção do maior concurso público do mundo. Sem falar da reforma para abrigar a sede administrativa da Copa e mobiliário. E o preço sentimental da demolição da tradicionalíssima Escola Estadual José Magno? O espaço deixado pela demolição se transformou na maior fazenda de lazer para aquele mosquitinho que pica e mata - na área mais nobre da cidade verde em frente à nova sede da Copa.

Viajar prá que? A cultura e a história estão aqui. Precisamos conhecê-la para salvar as próximas gerações.

Gabriel Novis Neves
25/03/2010

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