domingo, 31 de janeiro de 2010

GABRIELZINHO

A minha mulher era muito inteligente, pés no chão e com visão privilegiada do infinito. Era excepcional a sua intuição, e em pouco tempo cumpriu as suas tarefas por aqui e partiu, com toda a certeza, para um mundo melhor.

Logo que casamos, e com os filhos nascendo, percebeu que a minha vida estava sendo escrita ao contrário. Sabiamente escolheu o nome dos nossos dois filhos e filha, tendo sempre o cuidado de não deixar escancarado o sobrenome do pai. No início os seus argumentos não me convenceram. Hoje dou graças a Deus por ela ter vencido mais uma vez a minha burrice.

Tenho um filho médico. Quando gestante dele, ela me disse que gostaria de colocar o meu nome nesse menino, pois encerraria com este parto a sua carreira reprodutiva. Adorei a idéia! Logo depois ela justificou dizendo-me que antes do Gabriel colocaria Fernando. E o Gabriel filho é hoje, o Fernando Gabriel.

Nesta época era Secretário de Educação do Estado e o sermão foi o seguinte: quantos interesses dos funcionários você não irá contrariar; todos falam bem de você e do seu trabalho; às vezes alguém gostaria de se aposentar fora da época e o processo será indeferido por você; outras vezes será uma promoção solicitada e não atendida. Multiplicando tudo isso, teríamos problemas refletindo em nossos filhos, especialmente nas salas de aula.

Nada como o tempo para provocar o esquecimento! Após aposentado do serviço público, o meu filho Fernando Gabriel me dá de presente o Gabriel Novis Neves Neto, que por sinal nasceu em minhas mãos.

Hoje ele completa nove anos e os seus professores nunca ouviram falar no nome do seu avô. Bendito tempo, que a minha mulher sempre entendeu!

Gabriel Novis Neves
26/01/2010

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