quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

BUROCRACIA

Já fui muito dependente da televisão. Quando me sobrava tempo assistia a quase toda a programação oferecida pelos canais – desde os telejornais até aos programas do Bolinha, Flávio Cavalcante, Sílvio Santos – exceção feita às novelas.

Quando a televisão descobriu que o futebol era o filé mignon do faturamento, começou a transmitir (por canal pago) o campeonato carioca de futebol e o campeonato brasileiro - a grande estrela. Atualmente outros campeonatos regionais e internacionais também são transmitidos. Tive sorte de ver o meu Fogão campeão brasileiro de 1995. Hoje assisto aos jogos do meu time no campeonato carioca e brasileiro.

Este prazer custa-me uma assinatura no canal pago, que é renovada automaticamente e cujo boleto vai direto para o banco. Com a internet as notícias da televisão têm o sabor de comida amanhecida. São velhas, desinteressantes. O Jornal Nacional e similares ficaram chatíssimos, ganhando nesse quesito só para o programa político gratuito.

Mas o futebol, ou melhor, os jogos do Bota, ainda me atraem. Este ano, na estréia do campeonato carioca, a minha primeira frustração! O sinal da minha televisão apresentou problemas na recepção e não assisti a goleada do “Glorioso”, por 3x2 em cima do forte e tradicional Macaé! Telefono para a operadora. Após longa espera, e tomar conhecimento de todos os produtos da empresa, obedeci aos comandos da gravação; inicio a teclar números no meu telefone, e finalmente uma voz feminina se apresenta. Relato os sintomas da minha televisão, e a minha guia dita uma série de procedimentos. Tento segui-los, mas sem resultados. Ela então me informa que está agendando a visita de um técnico. Agradeço a sua boa vontade e pergunto quando seria a visita. Daqui a sete dias. Vou ao desespero! Apelei: disse que era um velho viúvo e a minha única distração era assistir jogos do meu Bota. A fila está longa e não há possibilidade, foi a resposta que ouvi. Como última tentativa eu informei a funcionária que, assim sendo, deixaria de assistir a dois jogos, sendo que um, era clássico. Infelizmente o senhor terá mesmo que aguardar - informou-me a funcionária. A seguir ela me pediu para responder um pequeno questionário. Entra a gravação e dei nota dez para as três perguntas formuladas.

Conformado, fui cuidar de outros assuntos importantes. Preparo-me para sair para pagar a anuidade da minha cova rasa - naquele cemitério na estrada de Santo Antonio. Ao abrir a porta do meu apartamento encontro esperando o elevador, o técnico que dá manutenção à Sky no meu edifício. Falo com ele sobre a minha difícil situação. Ele gentilmente se prontificou em me ajudar, e em cinco minutos resolveu o problema. Nem sei como agradecer a esse rapaz, mas o meu drama continuou. Telefono para a operadora cancelando a visita técnica programada. Aí o bicho pegou! Gastei preciosos minutos para convencer a funcionária que eu já havia solucionado o problema da recepção do sinal e que queria cancelar a visita do técnico. Foi uma dificuldade para a funcionária desfazer a solicitação, pois já havia sido lançada na programação da empresa. Finalmente chegamos a um consenso.

Aí, fiquei pensando: A burocracia, pelo visto, não é um problema exclusivo do serviço público. A encontramos até nas empresas privadas. É como dizem: “a burocracia é a arte de transformar solução em problema.”

Gabriel Novis Neves
19/01/2010

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