segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nove entre dez

A moda domina o mundo globalizado: isso está na moda, aquilo saiu da moda, isto vai entrar na moda. Até para as palavras e frases existe moda. Vou citar uma expressão que está na moda: desenvolvimento sustentável. Esta expressão, segundo as cartomantes, jogadores de tarô, numerólogos e todos os entendidos em leituras do futuro, será a expressão mais empregada neste ano.

É politicamente correto empregá-la. Em ano eleitoral será pecado mortal esquecê-la. O eleitor sabe que são coisas ditas da boca para fora para ganhar votos urbanos. Muita gente nem sabe o que significa, mas vai dizer no horário político gratuito. No nosso Estado os maiores inimigos da natureza repetirão, à exaustão, que desde criancinha, bem antes da existência da moto serra, já defendiam o desenvolvimento sustentável.

Ora gente! Não existe possibilidade de desenvolvimento sustentável sem educação. Em um país onde a educação não é prioridade, como falar em desenvolvimento sustentável? A nossa educação é tão precária que o seu reflexo se faz sentir em todo seguimento, como habitação, segurança, qualidade e expectativa de vida, e especialmente, saúde pública.

Alguns políticos experientes, diante do caos da saúde, acham que este será o grande foco das discussões. Como estão equivocados! O problema da saúde e do meio ambiente não serão resolvidos, sem antes resolvermos o caos da educação.

Educação é pré-requisito para uma saúde pública de qualidade e desenvolvimento sustentável. Saúde ruim e falta de cuidado com o meio ambiente é igual febre, que não é doença, e sim, sintoma, A doença que precisa de tratamento e cuidados especiais chama-se, educação. Mas educação não é a palavra da moda.

Lembro-me de uma propaganda - ou reclame, como diz o Vila - da década de cinqüenta, de certo sabonete que dizia ser ele o preferido de nove entre dez estrelas de Hollywood. Este ano sai o sabonete das estrelas e entra o desenvolvimento sustentável, preferido de nove entre dez empresários do agronegócio e madeireiras.

Gabriel Novis Neves
03/01/2010

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