domingo, 3 de janeiro de 2010

A MOÇA DA BLUSA AZUL

Um amigo me contou que anos atrás se apaixonou por uma moça de blusa azul. Ficou tão impressionado com a beleza da jovem universitária que solicitou que ela usasse sempre a mesma blusa. Como a paixão era bi-lateral, todos os dias ela lavava a blusa para satisfazer o seu amado. Um dia o tecido não suportou tamanho desgaste e acabou esfarelando-se nas mãos da bela.

Como trabalhar com a superstição? Inconformado, o meu amigo procurou uma nova blusa azul, porém igual “aquela” jamais encontrou. Aquela que virou farinha de tanto ser usada e lavada, tinha o cheiro do primeiro olhar e a emoção da descoberta. As outras não - tinham o cheiro impessoal das lojas.

Cartola conversava com as rosas: “queixo-me às rosas, que bobagem as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti.” Aquela blusa azul também não falava, mas despertava, igualmente, uma intensa emoção! Perguntei ao antigo amigo sobre a história da blusa azul. Envelhecido, com linhas de histórias marcando o seu rosto, respondeu-me que não se casou, nem a moça da blusa azul, e, que apesar da idade, nunca se esqueceu daquela blusa azul.

Tenho muita vontade de contar este fato à moça causadora de tantas e duradouras emoções, mas não tenho coragem de relembrar esta linda história de amor - e o meu amigo hoje está mais pra lá do que pra cá.

Final de ano é bom. O recesso nos dá tempo para vasculhar as gavetas do passado e encontrarmos preciosidades como esta.

Afinal - quem é a moça da blusa azul?

Gabriel Novis Neves
24 / 12 /2009

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